Anéis das árvores ajudam a monitorizar poluição por mercúrio na Amazónia



Os troncos de figueiras-bravas podem ser “testemunhas” da poluição gerada por atividades ilegais de extração de ouro na região amazónica.

A conclusão é de um estudo publicado esta semana a revista ‘Frontiers in Environmental Science’, no qual investigadores dos Estados Unidos da América, Canadá e Peru dizem que o mercúrio, usado para separar o ouro dos outros sedimentos nos quais esse metal precioso é encontrado, acumula-se nos anéis de figueiras (Ficus insipida) encontradas na Amazónia peruana.

Segundo os cientistas, estudar os anéis das árvores é um método mais barato para melhor compreender as alterações nos níveis de mercúrio no espaço e no tempo do que tecnologias mais caras de monitorização do ar.

Jacqueline Gerson, da Universidade de Cornell e primeira autora do artigo, explica, em comunicado, que este método alternativo “pode ser aplicado em todo o Sul Global para compreender as alterações no mercúrio ao longo do tempo, bem como os indicadores espaciais do mercúrio”.

A equipa recorda que cerca de 20% do ouro produzido globalmente provem de mineração artesanal e de pequena escala, sendo a principal fonte de poluição por mercúrio. Na sua forma líquida, esse metal pesado e tóxico é usado para se ligar às partículas de ouro, e depois ou é lançado diretamente no ambiente, com um impacto localizado, ou é queimado, com os seus impactos a poderem espalhar-se por vastas áreas.

Através do estudo dos anéis de figueiras na Amazónia peruana, os investigadores perceberam que entre 1941 e 2019 as concentrações de mercúrio aumentaram a partir do ano 2000. “Isso deve-se provavelmente à expansão das atividades de extração de ouro por volta desse período”, aponta Gerson.

Embora reconheçam que esta técnica não propriamente uma novidade, tendo já sido usado para estudar poluição por mercúrio resultante da combustão de carvão, especialmente no Canadá, a equipa diz que, contudo, é a primeira vez que é usado nos trópicos para medir os níveis de mercúrio resultantes da mineração de ouro.

“Apesar de a técnica, em si, não ser nova, quisemos testar a sua aplicação em lugares onde é muito difícil colocar monitores de concentrações atmosféricas, porque são dispendiosos e requerem energia ou precisam de ser mudados frequentemente”, salienta a investigadora.






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