Angola reforça apelo de solidariedade aos países da região afetados por fenómenos climáticos
O chefe de Estado angolano reforçou ontem o apelo regional de apoio aos Estados-membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) com dificuldades para prestar assistência aos afetados pelas secas.
João Lourenço discursou ontem na qualidade de presidente em exercício da SADC, na abertura da sessão extraordinária da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, que discutiu questões ligadas à crise humanitária na região.
Na sessão foi lançado o apelo da SADC “à Assistência Humanitária em Resposta à Seca Induzida pelo Fenómeno El Niño e aos Ciclones Tropicais Afins, às Inundações e aos Deslizamentos de Terra” que se registam na região, afetando mais de 61 milhões de pessoas, no valor de 5,5 mil milhões de dólares (5,06 mil milhões de euros).
“Gostaria de apelar aos Estados-membros da SADC dotados de meios para apoiar os Estados-membros que apresentaram as suas necessidades de resposta a prestar assistência de qualquer tipo, no espírito de solidariedade”, referiu João Lourenço.
O Presidente angolano lembrou que, como plano a longo prazo para assegurar uma gestão coordenada de situações de desastres na região, a SADC criou o Centro de Operações Humanitárias e de Emergência da SADC (SHOC), que entrou em vigor a 28 de abril passado, para viabilizar uma resposta coordenada a casos de desastres e apoiar os Estados-membros afetados.
O SHOC foi assinado pela maioria de dois terços dos Estados-membros da SADC, referiu o Presidente angolano, salientando que a expectativa dos cidadãos da comunidade é que, com o estabelecimento deste centro, a região esteja melhor preparada para fazer face a situações de desastres a longo prazo.
“Estou informado de que o centro de aviso prévio do SHOC estará conectado tanto à Sala de Diagnóstico da Situação do Sistema Africano de Aviso Prévio de Múltiplos Riscos e Ação Rápida (AMHEWAS), como aos Centros de Aviso Prévio dos Estados-membros”, o que “irá garantir a troca de informações de aviso prévio”, visando “a preparação para eventos futuros”, frisou.
O presidente em exercício da SADC realçou o momento de crise humanitária que a região atravessa, em consequência do fenómeno El Niño, que tem afetado de forma negativa as vidas e os meios de subsistência de mais de 61 milhões de cidadãos.
João Lourenço lembrou que a região está a ser confrontada por uma seca, por “cheias repentinas e deslizamentos de terra decorrentes quer de chuvas fortes precipitadas pelos ciclones tropicais Gamane e Filipo, que devastaram Madagáscar, quer do ciclone tropical Belal, que passou à tangente pelas Maurícias em janeiro, provocando chuvas torrenciais e ventos fortes, que causaram inundações e resultaram na perda de vidas humanas, no deslocamento de populações e em danos a infraestruturas e ao património”.
Destacou que os ciclones tropicais tiveram impactos em cadeia no reino de Esuatini, no Maláui, em Moçambique e na Tanzânia, onde as chuvas fortes causaram inundações repentinas, que deram origem a deslocações de populações e a danos a infraestruturas e ao património.
Em causa estão “programas como transferências de dinheiro, auxílio alimentar e fornecimento de outros artigos de auxílio”, referiu, salientando que a gravidade da seca e dos ciclones tropicais associados “exercem pressão imensa sobre a capacidade de resposta da maioria dos Estados-membros afetados”.
O apelo regional da SADC visa complementar os esforços feitos pelos Estados-membros da região, abrangendo todos os setores relevantes da economia da região, essencialmente dando resposta às necessidades humanitárias imediatas, bem como às necessidades de desenvolvimento e de reforço da capacidade de resistência a longo prazo.