Ann Berg (FAO): “O investimento no regadio e na produtividade tem retorno”
Ann Berg, consultora da FAO (Organização da ONU para a Comida e Agricultura), explicou ontem, em Lisboa, que o investimento no regadio e na produtividade “tem retorno”. Berg, que respondia a uma pergunta sobre a melhor forma de Portugal encarar o futuro, apesar do elevado défice energético e alimentar, disse que Portugal possuía uma correlação positiva entre os custos de energia, a especulação e o custo dos alimentos.
Na verdade, e de acordo com a consultora, os países não precisam de ser auto-suficientes em termos alimentares. “O comércio é a melhor resposta à escassez da produção, e as matérias-primas ainda são relativamente baratas”, explicou Berg.
Finalmente, e em relação aos biocombustíveis, Berg defendeu a posição histórica – e crítica – da FAO. “É ridículo. É um uso ridículo para os alimentos, quando há pessoas a morrer de fome”.
A responsável encerrou ontem o primeiro dia do VIII Congresso Nacional do Milho. Antes, já o presidente da Anpromis, Luís Vasconcellos de Sousa, tinha defendido que o milho é a única cultura capaz de, em extensão, vir a ocupar uma parte significativa do Alqueva. “Com o potencial surgimento de cerca de 70 mil ha de regadio no Alqueva, Portugal poderá vir a atingir a sua auto-suficiência em milho, contrariando os elevados índices de importação, que se encontram hoje na ordem dos 1 milhão de toneladas”, explicou.
A aposta na cultura de regadio foi ainda partilhada por José Filipe Guerreiro Santos, da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA). O gestor reconheceu que “o milho desempenha um papel absolutamente vital na ocupação do regadio privado e público” e que a cultura ocupa já o segundo lugar em termos de ocupação cultural nos perímetros de rega do Alqueva, esperando-se até um forte incremento em 2012.
O congresso da Anpromis (Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo) encerra hoje, com a presença da Ministra da Agricultura, Ambiente, Mar e Ordenamento do Território, Assunção Cristas.