Antepassados dos cães ter-se-ão auto-domesticado
Um novo estudo revela que crias de lobo são capazes de criar laços afectivos com os humanos, o que indica que esta capacidade de socialização não é um produto da domesticação. Tal significa que o antepassado comum do lobo e cão pode ter-se auto-domesticado, escolhendo permanecer perto dos humanos, que forneciam alimento e outros cuidados.
“Os nossos resultados indicam que os lobos não domesticados têm a capacidade de criar laços com os humanos. Portanto, é provável que o antepassado comum do cão e do lobo tenha tido uma capacidade semelhante”, afirma Nathaniel Hall, autor do estudo e investigador da Universidade da Flórida, ao Discovery News. “Algures, ao longo do tempo, a quantidade de socialização necessária para formar estes laços começou a diminuir, tornando mais fácil para os cães formar laços, mas a capacidade de se ligarem aos humanos esteve sempre presente”, acrescenta o investigador.
O estudo, publicado na revista científica Behavioral Processes, recorreu a 10 crias de lobo que foram retirados à progenitora aos 10 dias de vida, recebendo cuidado contínuo de dois tratadores no Wolf Park, no estado norte-americano do Indiana. Entre outras tarefas, os tratadores alimentaram as crias com biberões de leite até que estas conseguissem comer alimentos sólidos. Posteriormente, Hall e a sua equipa estudaram como as crias, já com três a sete semanas, reagiam na presença dos tratadores e de humanos desconhecidos.
Depois de serem deixados sozinhos por dois minutos, os pequenos lobos eram posteriormente reunidos com os tratadores, reagindo com excitação e procurando o contacto físico. O comportamento das crias de cães é bastante semelhante.
O estudo analisou apenas o comportamento de lobos pequenos, mas investigações anteriores sugerem que alguns lobos adultos conseguem manter os laços com os humanos que os criaram. Assim, aparenta que todos os lobos nascem com a capacidade de formar laços com os humanos, mas só alguns conseguem manter essa ligação na idade adulta.
Os lobos utilizados no estudo vão receber cuidado humano durante o resto das suas vidas, embora os animais tenham socializado durante o estudo com os restantes lobos da ninhada. Aos quatro meses os animais foram introduzidos a outros lobos adultos e fazem agora parte de matilhas estabelecidas.
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