António Guterres apela para restauro de ecossistemas em mensagem no Dia Mundial do Ambiente



O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, instou hoje os países a cumprirem compromissos de recuperação de ecossistemas e terrenos degradados, e a agirem para travar e inverter a desflorestação até 2030.

“Temos de aumentar drasticamente o financiamento para apoiar os países em desenvolvimento a adaptarem-se às condições climáticas violentas, protegerem a natureza e apoiarem o desenvolvimento sustentável”, diz António Guterres numa mensagem sobre o Dia Mundial do Ambiente, que hoje se assinala.

Este ano com o tema “Restauração dos solos, desertificação e resistência à seca”, e com a palavra de ordem “Nossa Terra Nosso Futuro”, a comemoração oficial do Dia Mundial do Ambiente é organizada pela Arábia Saudita, país que também acolhe a próxima conferência das Nações Unidas sobre a biodiversidade (COP16).

Na mensagem, António Guterres começa por dizer que a humanidade depende dos solos mas no entanto, em todo o mundo, “um cocktail tóxico de poluição, caos climático e dizimação da biodiversidade está a transformar terras saudáveis em desertos e ecossistemas prósperos em zonas mortas”.

Com as colheitas a falhar, as fontes de água a desaparecerem, as economias enfraquecidas e comunidades em perigo, a população do planeta está presa “num ciclo mortal” e é hora de se libertar, avisa António Guterres.

Afirmando que a “inação é demasiado dispendiosa” e que cada dólar investido na recuperação de ecossistemas gera até trinta dólares em benefícios económicos, António Guterres conclui: “Nós somos a ‘geração restauração’. Juntos, vamos construir um futuro sustentável para a terra e para a humanidade”.

Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) indicam que 40% das terras do mundo já estão degradadas, que 3,2 mil milhões de pessoas sofrem com a desertificação e que três quartos da população devem ser afetados por secas até 2050.

Segundo o PNUMA, a restauração dessas terras aumenta o armazenamento de carbono e retarda as alterações climáticas. Restaurar apenas 15% poderia evitar, estima, até 60% das extinções de espécies ameaçadas.

No último relatório do PNUMA sobre o ambiente, divulgado em fevereiro, Inger Andersen, diretora executiva da instituição, admitia que estavam a ser feitos progressos mas que a grande tarefa mundial é a de acelerar esses progressos na luta contra a tripla crise planetária – alterações climáticas, perda de biodiversidade, e poluição e resíduos.

Criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas para assinalar a Conferência de Estocolmo de 1972, cujo tema central foi o ambiente, o Dia Mundial do Ambiente alerta para a forma como todos podem ajudar a acabar com a degradação dos solos e a recuperar as paisagens degradadas.

Tal pode ser feito, segundo as Nações Unidas, tornando a agricultura sustentável e regenerativa, redirecionando, por exemplo, subsídios agrícolas para práticas sustentáveis e preservando ecossistemas.

Salvar o solo, a origem de 95% dos alimentos, é outra solução, que passa por apoios a uma agricultura biológica. E outra é proteger os polinizadores, porque três em cada quatro culturas que produzem frutos e sementes dependem deles. Reduzir a poluição atmosférica e minimizar impacto de pesticidas e fertilizantes é fundamental.

Nas sugestões da ONU está também a restauração dos ecossistemas de água doce, a renovação das zonas costeiras e marinhas e levar a natureza de volta às cidades, que consomem 75% dos recursos do planeta, produzem mais de metade dos resíduos globais e geram 60% dos gases com efeito de estufa.

A ONU considera o dia 05 de junho o dia mais importante para o meio ambiente, com milhões de pessoas envolvidas para aumentar a consciencialização ambiental.

Uma das mensagens do PNUMA é a de que “não somos apenas os Boomers, a Geração X, os Millennials, a Geração Z ou a Geração Alfa, somos a Geração Restauração. Não podemos voltar no tempo, mas podemos cultivar florestas, recolher água da chuva, adotar dietas que respeitem o solo e combater as alterações climáticas. Somos a geração que pode fazer as pazes com a terra”.





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