António Oliveira, Oli: “O futuro passa por encontrar as alternativas adequadas à água potável”



Fundada a 1 de Março de 1954, em Aveiro, a Oli é hoje uma das empresas portuguesas que mais exporta – 80% da produção é exportada para 60 países – e uma das que mais patentes activas tem, cerca de 40.

Nos últimos anos, a empresa especializou-se em produzir autoclismos cada vez mais eficientes. “[A nossa entrada na inovação e sustentabilidade] iniciou-se, de forma contínua e consistente, em 1990. A primeira inovação traduziu-se na massificação da dupla descarga dos autoclismos, tornando comum um conceito de poupança de água”, explicou ao Green Savers o presidente da Oli, António Oliveira – na foto com o ex-ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.

Hoje, a empresa testa a possibilidade de encaminhar a água da chuva para os autoclismos, o que reduzirá drasticamente o consumo de água na casa de banho. Leia a entrevista exclusiva do Green Savers ao presidente da empresa aveirense.

A Oli está a testar a possibilidade de a água da chuva poder ser encaminhada para os autoclismos. O que nos pode explicar desta tecnologia?

Sim, esse é o objectivo. No entanto, estamos ainda a analisar os comportamentos da água da chuva nos sistemas de instalação sanitária, uma vez que esta água não é pura, tem químicos e está sujeita a alterações à sua composição inicial. Neste momento, estamos fazer ensaios mecânicos de endurance em todos os nossos produtos. Cada um é testado em 200 mil ciclos.

Para quando esta tecnologia poderá ser uma realidade e o que isso implicará em termos de novos produtos e sistemas de instalação sanitária?

Pelo facto de os estudos ainda estarem a decorrer, não temos ainda essa informação.

A Oli vai investir €2 milhões, este ano, em inovação e investigação. Que percentagem deste valor será alocada para inovações que estejam ligadas com a sustentabilidade – sistemas de redução do consumo de água das descargas de autoclismos, por exemplo.

Mais de 50% do investimento fixado para este ano está relacionado com a redução do consumo de água nas instalações sanitárias.

A Oli exporta para mais de 60 países. Que mercados mais valorizam as tecnologias ligadas à inovação sustentável?

Os mercados que mais valorizam a inovação sustentável são os países desenvolvidos, sobretudo do norte da Europa.

Qual a vossa ligação à academia e centros de investigação portugueses?

Diariamente temos uma equipa de 20 colaboradores que se dedica inteiramente à Investigação e Desenvolvimento (I&D), sendo ela o principal interface de contacto e de trabalho conjunto com as várias universidades e centros de investigação nacionais.

Pelo segundo ano consecutivo, a Oli foi a empresa portuguesa que mais patenteou na Europa. Quantas patentes têm e como funciona o vosso processo criativo?

A Oli tem atualmente 40 patentes activas.

Quantas pessoas trabalham na Oli e quanto factura a empresa por ano?

A Oli integra hoje 360 colaboradores e obteve um volume de negócios, em 2014, de €43 milhões.

Por que razão trabalham 24 horas por dia e sete dias por semana?

A principal razão é a elevada procura dos nossos produtos por 60 países de todo o mundo.

Que percentagem dos vossos produtos é vendida para o mercado português? E lá fora, quais os vossos principais mercados?

Atualmente exportamos 80% da produção para 60 países dos cinco continentes. O peso das exportações reparte-se pela Europa – 63%; Médio-Oriente – 7% e América Latina – 2%. A Europa é o principal cliente, sendo Itália e França os principais mercados. Representam 24% das exportações.

Quando começou a ligação da empresa à tecnologia relacionada com sustentabilidade?

Podemos afirmar que o nosso investimento em inovação se iniciou, de forma contínua e consistente, em 1990. A primeira inovação traduziu-se na massificação da dupla descarga dos autoclismos, tornando comum um conceito de poupança de água. Anteriormente fazia-se apenas a descarga simples, independentemente da água necessária. Com a dupla descarga, o utilizador passou a ter a hipótese de poder escolher a descarga meia ou completa.

Onde vê a Oli dentro de 20 anos?

Esperamos que, daqui a 20 anos, a Oli seja responsável por um espaço de banho mais sustentável hidricamente e mais inclusivo, conferindo autonomia, conforto e segurança às pessoas com mobilidade reduzida.

Como será a nossa casa de banho em 2030?

O futuro passa, sobretudo, por encontrar as alternativas adequadas à água potável. É nisso que a Oli aposta e foi nesse sentido que realizou, este ano, um investimento de €500.000 na renovação dos laboratórios.

E quantos litros de água consumirão os autoclismos por dia?

Acreditamos que serão muito menos litros consumidos diariamente.

Qual a importância da sustentabilidade hídrica para o futuro do Planeta?

A importância é elevada. A água, e principalmente a água potável, é um bem cada vez mais escasso. Todas as inovações que permitam evitar o desperdício de água dão mais futuro ao Planeta.

A FORÇA DA OLI

Com 360 colaboradores e uma facturação de €43 milhões, a Oli produz  diariamente cerca de 7.800 autoclismos e 28.000 mecanismos, o que a  tornam, segundo a própria, na primeira a nível europeu na produção de  mecanismos para a indústria cerâmica e a segunda nas vertentes de  autoclismos interiores e exteriores. A empresa é liderada por António  Oliveira (na foto)

Fundada em 1954 como uma pequena empresa familiar, a Oli passou  por várias fases até chegar, nos anos 80, à criação de uma unidade de  produção de autoclismos. Em pouco mais de dez anos, o crescimento  sustentado levou-a à integração no Grupo Fondital, em 1993. Com sede  em Itália e um total de 2.600 colaboradores, o grupo está presente em  quatro sectores de actividade – aquecimento, alumínio, hidráulica e  cromagem e anti-fogo – e facturou, em 2013, mais de €807 milhões.

Antonio Oliveira
António Oliveira, presidente da Oli

 





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