Aprovada distribuição de mais 100ME de dividendos na hidroelétrica moçambicana de Cahora Bassa

A Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) aprovou a distribuição de dividendos de 7,4 mil milhões de meticais (pouco mais de 100 milhões de euros), resultado do lucro recorde de 2024, anunciou hoje a empresa em comunicado.
A decisão foi tomada em assembleia geral realizada na segunda-feira e é resultado do lucro de 14,1 mil milhões de meticais (mais de 200 milhões de euros) obtidos em 2024, o mais alto da história da empresa, lê-se no comunicado oficial.
“Particularmente, ao Estado Moçambicano serão canalizados pouco mais de 6,5 mil milhões de meticais (88 milhões de euros), que, associados aos impostos e taxas, reforçarão o Orçamento do Estado, necessário para a implementação dos programas sociais do país”, declarou Tomás Matola, Presidente do Conselho de Administração da HCB, citado no documento.
O resultado líquido representa um crescimento de 8,48% em relação a 2023.
“Este resultado líquido é o corolário combinado da produção total gerada em 2024, que foi de 15.753,52 GigaWatts-hora (GWh), e do ajustamento da tarifa de venda de energia ao estrangeiro”, lê-se ainda no documento.
O Estado moçambicano detém 90% do capital social da HCB, desde a reversão para Moçambique, acordada com Portugal em 2007, enquanto a empresa portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) tem uma quota de 7,5% e a Eletricidade de Moçambique 2,5%.
A empresa pagou ao Estado moçambicano, nos últimos três anos, mais de 32.869 milhões de meticais (476,6 milhões de euros), liderando entre as que mais impostos e contribuições públicas entregam, de acordo com informação divulgada pela empresa em março deste ano.
Segundos os mesmos dados, a empresa contribuiu para o Orçamento do Estado, de 2022 a 2024, com mais de 23.172,45 milhões de meticais (336 milhões de euros), através do pagamento das diversas categorias de imposto (IVA, IRPS e IRPC), e com mais de 9.696,72 milhões de meticais (140,6 milhões de euros) a título de taxa de concessão pela exploração do empreendimento hidroelétrico, na província de Tete, “o que representa 37% das contribuições feitas nos últimos 17 anos”.
A HCB é a principal produtora de eletricidade em Moçambique e anunciou uma “ligeira recuperação” de armazenamento e estabilidade da cota da albufeira para a produção hidroenergética em janeiro.
“Em resultado da melhoria das afluências de janeiro, o armazenamento final do mês, que havia sido previsto em 19%, fixou-se em 21,7% com tendências crescentes na primeira semana de fevereiro”, explicou a empresa.
A recuperação permitiu à HCB continuar a fornecer energia a Moçambique, África do Sul e outros países da região austral de África, “apesar da continuidade da situação da seca regional que se observa desde o ano hidrológico 2023/24, atenuada pelas medidas de gestão hidroenergética em implementação desde 2024”.
A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores.