Aquecimento global está a tornar a Europa mais vulnerável a doenças infeciosas, alerta Agência Europeia do Ambiente



Um relatório publicado pela Agência Europeia do Ambiente (AEA) revela que “as condições climáticas na Europa estão a tornar-se mais adequadas à emergência e transmissão de doenças infeciosas”, destacando como mais vulneráveis os idosos, as crianças e as pessoas que trabalham na agricultura, na silvicultura e nos serviços de emergência.

Com o aumento da duração dos períodos de calor, é expectável que espécies de mosquitos que transportam doenças como a malária e a dengue permaneçam durante mais tempo no continente e adquiram uma maior distribuição geográfica. Além disso, “a chegada de viajantes e de bens à Europa provenientes de regiões onde a dengue ou a malária são endémicos, combinada com o aumento da adequação das condições climáticas para que os mosquitos que transportam doenças se tornem permanentes em partes da Europa, aumenta a probabilidade de surtos de doenças”, adianta o relatório.

É destacado que as projeções climáticas indicam que quanto mais quente se tornar a Europa, e quanto mais tempo as temperaturas de mantiverem elevadas, maiores serão as populações de Aedes albopictus, ou mosquito-tigre-asiático, na Europa, um inseto que transporta não só a dengue, mas também os vírus Zika e Chikungunya.

Portugal está entre os países da União Europeia que apresenta as melhores condições para a proliferação e permanência desses mosquitos, mas os especialistas preveem que as alterações climáticas inverterão esse quadro, pelo que se poderá esperar que o país deixe de ser altamente favorável a esses insetos.

“Temperaturas mais altas aumentam o risco de surtos de febre do Nilo Ocidental na Europa central, do leste e do sul”, avança a AEA, acrescentando que, dessa forma, o risco de transmissão expandir-se-á “para áreas anteriormente não afetadas na Europa do norte e ocidental”. Por outro lado, o aquecimento da água do mar criará também condições cada vez mais propícias à proliferação “da perigosa bactéria Vibrio”, especialmente na região costeira do Mar Báltico.

Ainda, doenças transmitidas por carraças, apesar de serem comuns na Europa, particularmente na região central, poderão expandir-se para afetar as regiões norte e ocidental devido às alterações climáticas.

“A pandemia de Covid-19 tornou evidente que o bem-estar de todos pode ser ameaçado por doenças infeciosas e chamou a atenção para a disseminação de doenças através de viagens internacionais”, bem como destacou a relação entre a saúde humana, a perda de biodiversidade, a degradação ambiental e as alterações climáticas, indicam os autores.

O relatório indica que é fundamental que os Estados-membros da União Europeia reconheçam, e reflitam nas suas políticas públicas e estratégias, a forte ligação entre a saúde humana e as alterações climáticas, elencando como essencial a formação dos profissionais do setor.





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