Aquecimento global pode alterar a cor das borboletas
Um estudo recentemente publicado – e que demorou 18 anos a elaborar – concluiu que as borboletas e libelinhas de cores claras prosperam em condições ambientais mais quentes – e que as borboletas e libelinhas mais escuras preferem os climas mais frios. A investigação analisou os habitats naturais destes insectos na Europa durante os vários anos em que decorreu.
De acordo com a investigação, o corpo destes insectos desempenha um papel importante na absorção de energia através do sol, que serve de combustível para os voos e para regular a temperatura corporal. Os insectos de cores mais escuras absorvem mais energia solar que os de cores mais claras e, por isso, conseguem sobreviver em climas mais frios. Por contraste, os insectos mais claros sobrevivem melhor em climas mais quentes, já que conseguem reflectir a luz solar e não sobreaquecem.
Segundo estas novas conclusões, as alterações climáticas significam alterações nos hábitos de vários insectos. “Sabemos que as borboletas e libelinhas mais claras se adaptam melhor a climas mais quentes e também demonstrámos que os efeitos das alterações climáticas nos locais habitados por espécies não são consequências futuras mas sim presentes, com a natureza e os ecossistemas a alterarem-se em tempo real”, afirma Carsten Rahbek, do Imperial College London e autor do estudo.
“Demonstrámos para dois grandes grupos de insectos uma ligação directa entre o clima e a sua cor, que tem impactos na distribuição geográfica”, explica o investigador. Tal significa que no futuro, com o aumento das temperaturas do planeta, as borboletas e libelinhas mais escuras possam evoluir e tornar-se gradualmente mais claras para suportarem melhor as temperaturas mais quentes.
A equipa de investigadores analisou dados pan-europeus sobre a localização de 366 espécies de borboletas e 107 espécies de libelinhas entre 1988 e 2006. Foram analisadas as cores das asas e corpos e criados mapas com os locais onde os insectos podem ser encontrados.
Foto: tdlucas5000 / Creative Commons