Aquecimento global: Temperaturas devem quebrar novos recordes nos próximos anos
Até 2027, as temperaturas globais de superfície deverão quebrar novos recordes, podendo a média anual dos próximos cinco anos ficar mais de 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais do período entre 1850 e 1900.
O alerta foi feito esta quarta-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que indica o efeito de estufa criado pelos gases poluentes lançados na atmosfera pelas atividades humanas e os efeitos do fenómeno climático conhecido como ‘El Niño’ serão os principais responsáveis.
Dizem os especialistas que existe uma probabilidade de 98% de que pelo menos um ano dos próximos cinco anos sejam o mais quente alguma vez registado.
Petteri Taalas, Secretário-geral da OMM, afirma que a combinação do efeito de estufa com o ‘El Niño’ “terá repercussões amplas para a saúde, para a segurança alimentar, para a gestão dos recursos hídricos e para o ambiente”, empurrando “as temperaturas globais para território desconhecido”.
O responsável esclarece, no entanto, que a eventual subida de 1,5 graus da temperatura global será temporária e que, por isso, não excederá permanentemente os limites traçados pelo Acordo de Paris de 2015, “que se refere ao aquecimento a longo-prazo ao longo de muitos anos”.
Ainda assim, admite que as conclusões do relatório da OMM fazem “soar os alarmes”, pois tudo indica que a quebra desse limite, apesar de ser um acontecimento esporádico, acontecerá cada vez com maior frequência.
Desde 2015 que a probabilidade de a temperatura global exceder os 1,5 gaus tem vindo a aumentar “progressivamente”, ano em que era praticamente inexistente. Entre 2017 e 2021, essa probabilidade era já de 10%.
Em 2022, a temperatura global média ficou 1,15 graus Celsius acima da média do período 1850-1900, graças à influência do fenómeno ‘El Niña’, que, contrariamente ao ‘El Niño’, provoca um efeito de arrefecimento, que impediu que a temperatura no ano passado subisse ainda mais. Contudo, a ‘El Niña’ terminou no passado mês de março, e o ‘El Ninõ’ deverá começar a fazer-se sentir ao longo dos próximos meses.
“Prevê-se que as temperaturas médias globais continuem a aumentar, afastando-nos cada vez mais do clima a que estamos habituados”, salienta Leon Hermanson, meteorologista que liderou a elaboração do relatório.