Aquecimento global triplica duração de ondas de calor marinhas desde 1940

A duração das ondas de calor marinhas triplicou ao longo dos últimos 85 anos devido ao aquecimento global causado pelas atividades humanas, aponta nova investigação.
Num artigo publicado esta semana na revista ‘PNAS’, cientistas do Instituto Mediterrânico de Estudos Avançados (Espanha) revelam também que, sem os efeitos do aquecimento antropogénico do planeta, cerca de metade dos dias de calor extremo registados no mar entre 2000 e 2020 não teria ocorrido.
As ondas de calor marinhas são períodos prolongados de altas temperaturas à superfície do mar, fenómenos que têm “consequências significativas para a vida marinha, afetando, por exemplo, recifes de coral e pradarias de ervas marinhas”, explica, em comunicado, Marta Marcos, primeira autora do estudo.
Nas últimas décadas, os cientistas têm vindo a alertar o mundo para o aumento da frequência, intensidade e duração das ondas de calor marinhas, mas não tem sido fácil medir a contribuição das alterações climáticas provocadas pela ação humana para esses eventos.
Neste estudo, os investigadores avançam que, desde 1940, o aquecimento global é responsável por, em média, aumentar em um grau Celsius a intensidade das ondas de calor marinhas. Contudo, os impactos não são sentidos da mesma forma em diferentes partes do planeta. Por exemplo, nas regiões tropicais e equatoriais, as ondas de calor marinhas são mais frequentes mas não mais intensas, ao passo que nas zonas norte do Atlântico e do Pacífico e no Mar Báltico as ondas de calor duram menos dias mas tendem a ser mais fortes.
“Os resultados mostram também um padrão de intensificação amplificada de ondas de calor marinhas desde 2000, salientando o papel prejudicial do aquecimento global nos eventos extremos de temperatura da superfície marinha”, destacam os investigadores, em nota.