Arderam mais de 24.000 hectares nos primeiros sete meses do ano
Mais de 24.000 hectares arderam nos primeiros sete meses do ano, período em que se registaram 5.294 incêndios rurais, valores inferiores à média anual na última década, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
Segundo o 3.º relatório provisório de incêndios rurais do ICNF, que abrange o período entre 01 de janeiro e 31 de julho, a base de dados nacional registou um total de 5.294 incêndios rurais, que destruíram um total de 24.680 hectares (ha), entre povoamentos (12.031 ha), matos (8.247 ha) e áreas agrícolas (4.420 ha).
Comparando os valores dos primeiros sete meses deste ano com o histórico dos 10 anos anteriores, o relatório indica que houve menos 43% de incêndios rurais e menos 34% de área ardida relativamente à média anual do mesmo período.
O ano de 2020 apresenta, até ao dia 31 de julho, “o valor mais reduzido em número de incêndios e o 6.º valor mais baixo de área ardida, desde 2010”, refere o documento.
O relatório do ICNF indica que este ano os incêndios com área ardida inferior a um hectare são os mais frequentes (87 % do total de incêndios rurais).
No que se refere a fogos de maior dimensão, os dados registam a ocorrência de cinco incêndios rurais com área ardida superior ou igual a 1.000 hectares: Oleiros (Castelo Branco), Chaves (Vila Real), Castro Verde (Beja), Aljezur (Faro) e Covilhã (Castelo Branco).
O incêndio de maior dimensão registado este ano foi o que deflagrou em Oleiros no dia 25 de julho, que destruiu 5.570 ha, seguido do que deflagrou em Vila Real no dia 30 de julho, que o ICNF diz ter destruído 2.560 hectares.
Como termo de comparação, o relatório indica que, na última década, em igual período, o ano de 2017 foi o que registou mais incêndios com área ardida igual ou superior a 1.000 ha (17).
Nos primeiros sete meses do ano o relatório dá conta de 23 grandes incêndios rurais (área ardida igual ou superior a 100 ha), que destruíram 19.831 hectares, o que equivale a 80% do total da área ardida.
Segundo o relatório do ICNF, na comparando com os últimos 10 anos, 2012 foi o ano com maior número de grandes incêndios (82) entre janeiro e 31 de julho, seguido de 2017 (58).
Do total de 5.294 incêndios rurais verificados nos primeiros sete meses do ano, foram investigados 2.740 (52%), responsáveis por 44% da área total ardida e, destes, a investigação conseguiu atribuir uma causa a 1.840.
Até à data, segundo o ICNF, as causas mais frequentes são: fogo posto (27%), queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (19%), queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (9%) e queimadas para gestão de pasto para gado (8%).
No total, as várias tipologias de queimadas e queimas representam 36% das causas apuradas.
Já os reacendimentos representam 11% do total de causas apuradas, num valor inferior face à média dos 10 anos anteriores (15%).
O distrito mais afetado no que diz respeito à área ardida é o de Castelo Branco, com 7.248 ha, cerca de 29% da área total ardida até à data, seguido de Vila Real, com 3.255 ha (13% do total) e de Faro com 2.906 ha (12% do total).
Quanto ao número de incêndios, o distrito que mais fogos registou foi o do Porto (1.474), seguido de Braga (462) e Aveiro (384). Em qualquer um dos casos, os incêndios são maioritariamente de reduzida dimensão (não ultrapassam um hectare de área ardida).
“No caso específico do distrito do Porto, a percentagem de incêndios com menos de um hectare de área ardida é de 91%”, refere o relatório.
O documento acrescenta ainda que os concelhos que apresentam maior número de incêndios se localizam “todos a norte do Tejo” e que se caracterizam por “elevada densidade populacional, presença de grandes aglomerados urbanos ou utilização tradicional do fogo na gestão agroflorestal”.
Os 20 concelhos com maior número de incêndios representam 35% do total de ocorrências e 12% da área total ardida.
Quando analisa os 20 concelhos com maior extensão área ardida, o relatório diz que representam 80% da área total ardida no país.
O mês de julho é aquele que apresenta este ano maior número de incêndios rurais (3.279 – 62% do total) e maior área ardida (20.063 ha – 81% do total).
Quanto à severidade meteorológica – que tem em conta as temperaturas, vento forte, ausência de precipitação e humidade relativa baixa – o relatório indica que, este ano, os incêndios com classe de severidade mais baixa (0-5) foram os mais frequentes (29 % do total).
No que se refere aos fogos com maior nível de severidade meteorológica, o documento regista a ocorrência de 141 incêndios.