Áreas com ambientes extremos favorecem evolução de novas espécies



As áreas e regiões do planeta com ambientes extremos favorecem a evolução de novas espécies e merecem os mesmos esforços de conservação das áreas tropicais, onde já existe mais variedade, disse à EFE o investigador Gustavo Bravo, do Museu de Zoologia Comparativa da Universidade de Harvard (EUA).

“O que queríamos era gerar uma hipótese da sua história evolutiva com uma árvore genealógica que nos mostrasse quem se relacionava com quem e quando a espécie foi gerada”, explica Bravo.

Bravo e o professor Michael Harvey, da Universidade do Texas em El Paso, conduziram um estudo, publicado na revista Science, em colaboração com cientistas e dezenas de museus de história natural da América Latina e do Norte, que analisou 2.400 genes isolados de 1.287 espécies de passeriformes suboscinos, comumente conhecidos como pássaros canoros.

“Existem cerca de 10.000 espécies de pássaros no mundo e 65% delas fazem parte desse grupo”, disse o cientista colombiano.

“Um aspecto novo deste esforço abrangente com colegas de todo o hemisfério foi que pela primeira vez geramos a filogenia para 99% dessas espécies conhecidas”, acrescentou. Utilizamos a árvore para ver as diferenças e a rapidez com que as espécies são geradas, e em que regiões”.
Os investigadores descobriram que, ao contrário das expectativas comuns, taxas mais altas e constantes de especiação ocorrem em linhagens de aves de regiões com baixa diversidade de espécies e climas frios, secos e instáveis.

“Quando se pensa na Amazónia, por exemplo, seria de se esperar que fosse neste local onde mais espécies fossem geradas e que em áreas desérticas, como savanas, menos espécies fossem geradas”, disse Bravo.

“Curiosamente”, acrescentou, “descobrimos o contrário: as espécies são geradas mais rapidamente em áreas com menos diversidade de pássaros”.

A explicação dos investigadores é que as áreas da Terra com condições climáticas mais extremas são mais dinâmicas, com mudanças mais severas, o que torna as espécies mais suscetíveis à extinção, de modo que nessas regiões a extinção e especiação acontecem mais rapidamente.

A maior diversidade encontrada em regiões como a Amazónia é resultado de um processo mais estável por períodos mais longos, ou seja, há mais espécies geradas há mais tempo.

As regiões com maiores taxas de diversidade foram formadas por um acumular gradual de espécies que se deslocam para áreas tropicais de regiões com ambientes mais extremos, onde a taxa de especiação é mais rápida.

“Isto leva-nos a uma consideração adicional”, disse Bravo. “Quando se pensa sobre a conservação de áreas de diversidade biológica, normalmente pensa-se na Amazónia ou em florestas tropicais; mas as áreas mais desertas, que podem não ter tanta variedade de espécies, mas estão ameaçadas, por exemplo, pela extensão da agricultura, devem ser mantidas porque contribuem para os processos que sustentam a diversidade.”





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