Associação Zero critica metodologia do carbono para novas florestas



A associação ambientalista Zero apelidou hoje de “oportunidade perdida para resolver problemas da floresta” a Metodologia de Carbono sobre as Novas Florestações, que esteve em consulta pública até hoje.

A questão prende-se com o Mercado Voluntário de Carbono (MVC), o uso voluntário de floresta como sumidouro do dióxido de carbono, obtendo com isso benefícios financeiros. O MVC vai incentivar projetos que reduzam a emissão de gases com efeito de estufa ou de sequestro de carbono.

No entanto, segundo a Zero, a proposta do Governo apresenta “uma visão simplista e economicista” que potencia o “greenwashing” e não favorece a criação de “uma floresta multifuncional, biodiversa e resiliente”.

A proposta “não só falha em resolver os problemas críticos da floresta portuguesa, como também incentiva práticas prejudiciais à biodiversidade e pode ser potencialmente limitadora do fornecimento de serviços de regulação, nomeadamente a regulação do ciclo da água, dos nutrientes ou prevenção da erosão”, diz a Zero em comunicado.

E acrescenta que a proposta não promove uma floresta multifuncional, biodiversa e resiliente e centra-se “apenas numa lógica de curto prazo que fica limitada a um sequestro de carbono que pode ser ilusório”.

A Zero explica que a metodologia em análise visa estabelecer os critérios para quantificar os benefícios climáticos do sequestro temporário de carbono, e devia ser um instrumento de apoio aos donos das florestas que optassem por espécies autóctones, promovendo a conservação e biodiversidade, mas “parece desviar-se deste objetivo” ao favorecer soluções de curto prazo.

Depois também se centra na criação de floresta onde ela não existia, com novas plantações, esquecendo uma possível gestão de floresta já existente ou a preservação de pastagens e matos. E ao centrar-se em novas florestas abre as portas a investimentos especulativos.

“Além disso, a exclusão de terrenos ocupados por plantas invasoras lenhosas transforma uma oportunidade valiosa de restaurar ecossistemas degradados e promover a biodiversidade e os serviços de ecossistemas num incentivo à manutenção da inação perante a expansão descontrolada de algumas espécies invasoras”, alerta ainda a Zero.

A associação reafirma que o método proposto favorece espécies não autóctones, de crescimento rápido, como os eucaliptos, em vez de sistemas florestais complexos, diz que é negligenciado o papel do solo como reservatório de carbono e que ao contrário é incentivado um modelo de florestação simplista e economicista.

A Comissão Técnica de Acompanhamento do MVC começou a trabalhar no início do ano para criar uma metodologia de carbono.

O MVC foi criado pelo último Governo do PS mas está a ser operacionalizado pelo atual Governo.






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