Associações ambientais denunciam situações de perseguição ao lobo ibérico
Na sequência do recente abate de uma loba-ibérica, conhecida por Bragadinha, cerca de dez associações juntaram-se num apelo público, pedindo uma “acção contundente” em relação aos crimes contra a espécie, que está fortemente ameaçada e é protegida pela legislação nacional e internacional.
A loba em questão foi encontrada morta no final de Outubro no Parque Nacional da Peneda-Gerês e os resultados da necrópsia revelam que foi abatida a tiro e, simultaneamente, atacada por uma matilha de cães.
As associações subscritoras do comunicado indicam que este foi o quinto abate ilegal da espécie entre os 15 lobos do Alto Minho que são seguidos por GPS desde 2012. As organizações referem ainda que o Sistema de Monitorização dos Lobos Mortos, implementado pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas revela que das 80 mortes de lobos identificadas entre 1999 e 2011, cerca de 71% foram causadas pela acção humana, “muitas das vezes em circunstâncias de perseguição ilegal”. Em Portugal, restam 300 exemplares da espécie.
“O lobo, pelo seu estatuto de protecção, não é espécie cinegética em Portugal e estes abates ilegais com arma de fogo, que nada têm que ver com a caça e com a exploração sustentada dos recursos cinegéticos, não podem continuar a ocorrer”, afirma o comunicado.
Face a esta “perseguição ilegal” ao lobo ibérico, as associações consideram que “urge sensibilizar e dialogar com as Organizações do Sector da Caça, envolvendo todas as partes no esforço de conservação do lobo, erradicando tais actos criminosos e encontrando formas de mitigação das motivações que estão na sua base”.
Assim, as organizações exigem às autoridades competentes, nomeadamente ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (SPENA/GNR) e em especial ao Ministério Público, que os ataques dos lobos a animais domésticos sejam minimizados através da “eficaz vigilância do gado e indemnização atempada”, o reforço dos meios de fiscalização para as zonas protegidas da espécie e o julgamento exemplar dos crimes praticados contra o lobo ibérico.
A ALDEIA, ANPC, APGVN, ASCEL, CARNIVORA, LPN, FAPAS, ATN Grupo Lobo e a Quercus são as subscritoras do comunicado.
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