Atividade humana polui com chumbo até glaciares no Tibete



A poluição devido à atividade humana alcança mesmo os locais mais remotos do mundo, como mostra um novo estudo sobre a contaminação por chumbo do glaciar de Guliya, no noroeste do Tibete, divulgado hoje pela agência Europa Press.

Ao analisar núcleos de gelo daquele glaciar e medir isótopos de chumbo em amostras com poeira, investigadores de universidades norte-americanas descobriram alterações nas fontes deste metal pesado presente no ambiente.

Os referidos núcleos, compostos por camadas de gelo que se formam à medida que a neve vai caindo ao longo de milhares de anos, contêm bolhas de ar antigo e de contaminantes, permitindo conhecer as mudanças ambientais registadas.

Os cientistas constataram um aumento na quantidade de chumbo em amostras de gelo que datam do início da Revolução Industrial, tendo verificado uma alteração significativa na sua origem a partir de 1974, quando começaram a ser reguladas nos Estados Unidos as emissões deste metal, devido aos riscos de uma exposição prolongada.

Isto levou à diminuição da utilização de alguns tipos de gasolina em determinados países, mas outras fontes de emissões atingiram o pico mais tarde, indicou Roxana Sierra-Hernández, principal autora do estudo, do Centro de Investigação Polar e Climática Byrd, da Universidade Estatal de Ohio.

“As nossas amostras de isótopos de chumbo datam de há cerca de 36 mil anos, uma época em que sabemos que nenhuma civilização usava chumbo, o que significa que grande parte do que encontramos é natural”, disse, citada pela agência noticiosa privada espanhola Europa Press.

Acrescentou que com o trabalho publicado recentemente, na revista científica Communications Earth & Environment, os cientistas puderam “identificar o chumbo antropogénico” e ver “quando deixou marca na região”.

Os instrumentos e modelos utilizados pela equipa de investigação possibilitaram a descoberta de que, até 2007, a gasolina chinesa era a principal fonte de chumbo. Depois estas emissões diminuíram e aumentaram as de carvão e de minerais de chumbo e zinco.

Os dados mais precisos permitem aos cientistas compreender melhor como os humanos afetaram drasticamente o ambiente, segundo o estudo.

Assinala-se ainda que o aquecimento global do planeta tem levado ao derretimento dos glaciares, observando Roxana Sierra-Hernández que à medida que isso acontece os contaminantes retidos no seu interior escapam e “podem poluir rios próximos”.

A exposição prolongada ao chumbo pode ser tóxica para as pessoas, seja o metal ingerido ao inalado através de alimentos, água ou ar contaminados, podendo causar uma série de problemas de saúde, incluindo de fertilidade, cancro ou doenças cardiovasculares.

Segundo a principal autora do trabalho, este pode ser a base para futuros estudos visando comparar “tendências de poluição modernas e antigas e identificar melhor as suas fontes”.

“É importante fazer mais estudos sobre isótopos de chumbo. É difícil e demorado, mas há muito para aprender”.





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