“Aula” em frente ao parlamento lembra Governo que combate da crise climática não pode ser ignorado



Cerca de 30 jovens assistiram esta sexta-feira, em frente ao parlamento, a uma “aula” sobre transição energética, um ato simbólico promovido por várias organizações para lembrar o Governo que o combate à crise climática não pode ser ignorado na pandemia.

Sentados no pavimento ou em almofadas, com as devidas distâncias, os “alunos”, com máscaras, ouviram a “lição” dada por um “professor” e uma “professora” e, no final, mostrando que tinham a lição bem aprendida, apresentaram propostas para uma “transição justa”, como “transportes limpos e gratuitos” e o uso de mais energias renováveis.

A encerrar a “aula”, e num recado ao Governo, a “professora” reclamou rapidez nas medidas, ironizando que a meta da “neutralidade carbónica até 2030” tem de ser “para ontem”.

A iniciativa, que decorreu em frente à escadaria da Assembleia da República, sob o olhar de quatro polícias, foi promovida por vários movimentos e organizações cívicos e ambientais, incluindo Greve Climática Estudantil e Climáximo, e insere-se na semana “DescontamiAção”, que visa protestar contra a “inércia governamental” na resolução da crise climática durante a pandemia da covid-19.

Além de Lisboa, foram hoje dadas “aulas públicas” sobre “transição energética e recuperação económica socialmente justas” em Guimarães, Caldas da Rainha e em diversas localidades do Algarve.

Justificando a ação simbólica, Andreia Galvão, membro da Greve Climática Estudantil, disse à Lusa que, tal como se enfrentou a “crise da covid-19”, devia “ter sido enfrentada a crise climática”, com o Governo a “apresentar propostas reais”, como o “fim da expansão do aeroporto” de Lisboa, que “põe em causa a preservação ambiental e a neutralidade carbónica”.

Em vez disso, segundo a jovem ativista, o Governo nomeou como consultor o presidente da petrolífera Partex, António Costa Silva, para elaborar o plano de recuperação económica do país, que defende a construção de um novo aeroporto para a Área Metropolitana de Lisboa.

Para Mafalda Gomes, uma das participantes da “aula aberta” em Lisboa, a pandemia da covid-19 “veio revelar que a questão das alterações climáticas não é uma preocupação de nenhum Governo”, ao acentuar “a urgência da produção, do consumo, do fazer dinheiro” para recuperar a economia.

“O futuro está a ser ignorado em termos de sustentabilidade”, advogou à Lusa.

Para 25 de setembro, os jovens prometem voltar às ruas do país, numa nova manifestação pela “ação climática”.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 627 mil mortos e infetou mais de 15,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.712 pessoas das 49.692 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.





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