Autoridades moçambicanas investigam envenenamento de lagoa que matou centenas de peixes
As autoridades moçambicanas estão a investigar o envenenamento de uma lagoa por caçadores furtivos e que causou a morte de centenas de peixes na coutada de Marangira, zona tampão da Reserva Especial do Niassa, disse hoje à Lusa fonte oficial.
“Trata-se de específica criminalidade local, sem dúvida. Não é uma coisa nova (…) Quando eu cheguei, há 18 anos, esses episódios já aconteciam”, disse Carlos Queiroz, administrador e sócio da coutada de Marangira, localizada na província de Niassa, norte de Moçambique.
Segundo o responsável, a equipa de fiscalização da coutada apercebeu-se de queimadas anormais e de pegadas de pessoas no dia 05 deste mês. Quando se aproximaram ao local, já no dia 06, os fiscais viram centenas de peixes mortos na lagoa “adjacente a um rio importante” da região.
“A nossa ação imediata foi controlar a área e evitar que aquele peixe fosse recolhido. Os fiscais iniciaram logo a recolha do peixe e queimaram para que ele não afetasse a saúde pública das comunidades”, acrescentou Carlos Queiroz.
De acordo com a fonte, as autoridades moçambicanas reagiram “pronta e imediatamente” à situação, tendo enviado, dois dias depois do ocorrido, equipas do Governo ao terreno para investigar o caso.
“Agora temos de aguardar serenamente pelas investigações das autoridades (…) e, certamente, hão de chegar a conclusões”, disse Queiroz.
O administrador da Coutada apelou para uma melhor colaboração entre os operadores e as autoridades moçambicanas de conservação do ambiente em trabalhos de fiscalização, educação, pedagogia e formação das pessoas para que os casos não se repitam.
“Estas questões só podem ser diminuídas se as autoridades de ambiente deixarem lá os seus gabinetes e no terreno trabalharem lado a lado com os operadores (…) e desta maneira colhermos os melhores resultados”, concluiu Carlos Queiroz.
A coutada de Marangira está na zona tampão da Reserva Especial do Niassa, com uma extensão de 42.400 quilómetros quadrados e uma variedade de animais.
Estabelecida em 1960, a Reserva Espacial do Niassa é a maior área protegida de Moçambique, albergando o maior número de elefantes que existe no país.
De acordo com dados oficiais, com a crescente procura internacional de marfim, sobretudo em 2008, o número elefantes na reserva reduziu-se de 14.000 para menos de 4.000, entre 2009 e 2018.
Para travar a redução, o Governo moçambicano e parceiros de cooperação têm desenvolvido estratégias para travar a ação de caçadores furtivos, assinalando-se, este ano, sete anos sem registo de qualquer incidente dentro da reserva.