Ave de rapina mais rara da Austrália em risco de extinção
O milhafre-vermelho (Erythrotriorchis radiatus) é a ave endémica da Austrália e a rapina mais rara no continente, tendo sido classificada como espécie vulnerável em 1992 pelo governo australiano. No entanto, a falta de conhecimento sobre esta espécie pode ter escondido grandes perdas populacionais, que terão empurrado a ave para o limiar da extinção.
Uma investigação de cientistas da Universidade de Queensland, divulgada na revista ‘Emu – Austral Ornithology’, revela que, nos últimos 40 anos, o milhafre-vermelho perdeu um terço da sua distribuição histórica e a sua sobrevivência está “por um fio” no que resta do território que ainda ocupa.
Christopher MacColl, principal autor, diz que a espécie já foi dada como localmente extinta no estado australiano de New South Wales e em metade do estado de Queensland. Neste último, a população de milhafres-vermelhos está limitada à península de Cape York, a parte da Austrália continental mais próxima da Papua-Nova Guiné.
Por isso, o cientista diz que a região norte da Austrália é fundamental para assegurar que a sobrevivência desta espécie de ave de rapina, pois é nessa área que se concentra o maio número de reprodutores.
A equipa, embora reconheça que são precisos mais estudos para saber ao certo as causas da acentuada queda populacional do milhafre, acredita que a perda de habitat e a degradação ambiental “têm desempenhado um papel central” desse declínio.
James Watson, outros dos autores, detalha que a expansão da agricultura, da atividade mineira e da exploração de combustíveis fósseis, projetos que têm proliferado pelo norte australiano, “representam um risco sério para uma espécie como esta”, assinalando nessa região está contido “o maior ecossistema intacto de savana tropical de todo o mundo”, que alberga “uma abundância de biodiversidade”.
Por ser um predador de topo, a conservação do milhafre-vermelho ajudará a repor o equilíbrio ecológico, argumentam os cientistas, que instam o governo da Austrália a mudar o estatuto de ameaça dessa ave de ‘vulnerável’ para ‘em perigo’.
“O mais alarmante é o facto de não se conhecerem, ao certo, as ameaças que estão a causar este declínio devastador, e que provavelmente ainda continuam”, escrevem os investigadores.