Azeméis com 700 mil euros e “razões de sobra” para valorizar resíduos verdes
Oliveira de Azeméis vai investir 700.000 euros em medidas para melhorar a gestão de resíduos, apostando no projeto “Razões de Sobra” para reduzir o desperdício alimentar e na distribuição de contentores e compostores para valorizar o lixo verde.
Segundo explicou hoje à Lusa o vereador Rogério Ribeiro, responsável pelo Ambiente nessa autarquia do distrito de Aveiro, a estratégia global para os próximos meses prevê três ações: uma campanha de sensibilização em escolas e em ‘outdoors’ com informação “muito focada em reduzir resíduos e evitar desperdício”; a implementação de contentores para recolha de resíduos verdes biodegradáveis e sem contaminantes, como os relativos a agricultura e jardinagem; e a distribuição de compostores domésticos e comunitários.
“Estamos a investir muito nesta área porque as pessoas não têm noção nenhuma do que deitam para o lixo, do que acontece a esses resíduos e de como eles se acumulam até serem um problema que está longe da vista, mas que tem consequências graves para o futuro”, declara o autarca socialista.
É isso que a campanha de sensibilização “Razões de Sobra” quer alterar, ao promover práticas de consumo mais sustentáveis e “menos despesistas”, escolhas mais informadas quanto a embalamento e ainda hábitos regulares de reutilização e transformação de resíduos, para lhes dar novos usos.
“Os indicadores que temos são fracos e demonstram que Oliveira de Azeméis está muito abaixo do que seria desejável nesta altura”, realça Rogério Ribeiro, referindo que isso “dificulta a concretização das metas nacionais definidas no PERSU 2030 [Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos]”.
Em paralelo à sensibilização social, essa autarquia da Área Metropolitana do Porto tem 2.500 contentores de 40 litros, todos para biorresíduos alimentares, que vai distribuir por moradias das freguesias de Oliveira de Azeméis, Macieira de Sarnes, Nogueira do Cravo, Cesar e parte de Fajões. A recolha será feita porta-a-porta, “uma a duas vezes por semana”, e a escolha das localidades envolvidas prende-se com o facto de representarem um circuito que, “numa rota pequena, abrange muitas casas”.
No mesmo sentido, também os estabelecimentos de restauração, cafés e hotéis vão receber cerca de 500 contentores idênticos, com o mesmo propósito de separar e valorizar o lixo alimentar.
Já no que se refere aos resíduos verdes (restos de jardinagem, ramos, relva, folhas, flores e aparas de madeira sem tratamento), pela generalidade do concelho estão a ser distribuídos 250 contentores de 800 litros, cada um deles com sinalização a lembrar que esses recipientes se destinam apenas a folhas, aparas, etc., “sem contaminantes químicos nem terra misturada”.
O investimento abrange a aquisição de um camião próprio para recolha desse material, já que, se separado do lixo comum, ele pode ser aplicado no fabrico de “adubo natural de alta qualidade”. Uma vez retirado dos contentores, esses resíduos serão encaminhados “para valorização energética ou compostagem, o que evita que sigam para aterro e cumpre a recomendação da diretiva europeia que obriga os estados-membros a implementarem até dezembro de 2023 a separação do lixo verde”.
Especificamente para incentivar a compostagem, Rogério Ribeiro revela ainda duas outras medidas orçadas em 120.000 euros: a distribuição de 450 compostores domésticos por famílias interessadas em usá-los, em “freguesias mais rurais, com menor densidade e onde a recolha porta-a-porta ficaria mais cara”, e, futuramente, a criação de quatro compostores comunitários, em que se poderá deixar lixo alimentar e restos de jardinagem. “Quanto mais as pessoas lá depositarem, mais composto poderão ir buscar depois, para adubar os seus quintais e jardins”, adianta.
O vereador acredita que é por esse género de contrapartida que passa a mudança necessária na gestão de resíduos. “Municípios mais avançados do que o nosso nesta área dizem que este processo é muito difícil porque, se as pessoas não virem vantagens imediatas em aderir a comportamentos mais sustentáveis, não fazem nada para mudar. Mas o investimento nestas áreas, mesmo sendo muito caro, tem que ser feito e o futuro passará por adotar o sistema PAYT [‘pay as you throw’ /pague pelo que atira fora], precisamente para responsabilizar as pessoas pelas opções que fazem”, conclui.