Bahamas: construção de estrada alterou genitais do peixe-mosquito



A construção de estradas nas Bahamas levou à alteração da aparência e comportamento de pequenas espécies de peixes nativas, tendo criado, inclusive, uma nova espécie de peixe-mosquito.

Segundo uma pesquisa da North Carolina State University, o peixe-mosquito sempre foi abundante nos pequenos esteiros que só têm água durante a maré-cheia. Até há pouco tempo, estes peixes agiam de forma exactamente igual há de vários séculos atrás. Mas a partir do momento em que começaram a ser construídas estradas e cruzamentos para veículos nestas áreas aquáticas, alguma da população de peixe-mosquito perdeu o acesso ao Oceano e continuou a evoluir em isolamento.

Com o passar das décadas, o acasalamento de peixes-mosquitos começou a alterar-se, assim como os seus genitais, descobriram os investigadores. Com cada vez menos predadores à sua volta, os peixes começaram a ficar com mais energia para outras actividades – incluindo reproduzir-se.

“Quando há vários predadores à volta, os comportamentos reprodutivos são muito cobrados, por isso a selecção prefere genitais masculinos que aumentam a velocidade e eficiência da fertilização, com o sem o consentimento da mulher”, explicou ao The Dodo o pesquisador principal, Brian Langerhans.

“[Assim], há uma maior preferência feminina em acasalar e mais comportamentos de sedução. Já não há uma pressão muito grande em ter genitais que favorecem a eficiência. Acreditamos que o sexo feminino está a ter preferências genitais masculinas um pouco diferentes”, continuou Langerhans.

Para quem não está habituado a ver genitália de peixes, os órgãos sexuais não aparentam grandes diferenças. Mas elas são tão significativas que devem levar à formação de uma nova espécie – tudo devido à construção de estradas.

“As populações estão cada vez mais diferentes na sua morfologia genitália. A sua capacidade para reproduzir-se por diminuir, o que levará à especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies vivas se formam.

Já se sabia que a actividade humana era responsável pela perda de biodiversidade em todo o globo, mas as descobertas de Langherans e a sua equipa sugere que, em alguns casos, ela pode ter implicações que a ciência ainda está longe de descobrir.

Foto: Nozo / Creative Commons





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