Bancos centrais devem preparar-se para disrupções climáticas nos mercados de trabalho, avisa especialista



As alterações climáticas vão perturbar os mercados globais de trabalho e os bancos centrais devem estar preparados para fazer face às consequências.

O aviso é feito por um investigador do centro de investigação CETEX, da London School of Economics and Political Science (LSE), num relatório divulgado esta quarta-feira e que procura antever como a crise climática vai impactar o mundo do trabalho.

Joseph Feyertag, que estuda as ligações entre finanças e ambiente, alerta que até 1,2 mil milhões de trabalhadores em 182 países estão vulneráveis a “perturbações graves causadas pelos impactos das alterações climáticas”, e que é preciso perceber como é que a crise climática e a degradação ambiental afetam os objetivos dos bancos centrais pelos efeitos que têm sobre o mercado de trabalho.

O autor salienta que, mesmo que sejamos capazes de limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5 ou dois graus Celsius acima de níveis pré-industriais, prevê-se que as alterações climáticas “reduzirão significativamente a produtividade laboral” e o desempenho dos trabalhadores em setores de grande exposição ao calor, como a agricultura e a construção.

O relatório aponta que os riscos associados à transição energética se concentram predominantemente em economias avançadas e que os mercados de trabalho em África, na Ásia e da América Latina são os mais vulneráveis aos impactos físicos das alterações climáticas (como eventos climáticos extremos). Além disso, desses dois fatores combinados com dinâmicas demográficas e políticas de imigração mais rígidas, “podem tornar os mercados de trabalhos mais restritivos nas economias avançadas”.

Embora reconheça que a transição energética poderá criar impactos desiguais entre setores e regiões, resultando no aumento localizado do desemprego e em desigualdades sociais, Feyertag argumenta que economias de baixo carbono deverão ter uma maior necessidade de trabalhadores, “com as tecnologias de energias renováveis a serem mais intensivas em termos de mão-de-obra do que os sistemas baseados em combustíveis fósseis”.

“Os impactos no emprego da transição para baixo carbono não serão lineares”, avisa o investigador, esperando-se que seja marcada por “choques” e “pontos de rutura”. Por isso, defende que os bancos centrais devem integrar riscos ambientais relacionados com o emprego nas suas políticas e operações.

Feyertag considera mesmo que, se possível, os bancos centrais devem ativamente tomar medidas para estimular a procura por trabalhadores em áreas de baixo carbono ou resilientes às alterações climáticas, para dessa forma tornar a transição menos turbulenta.

E declara que “a distribuição desigual dos impactos no emprego aos níveis geográfico e setorial levantam questões sobre justiça e equidade. É vital que créditos e empréstimos sejam atribuídos para ajudar os mercados emergentes e os países em desenvolvimento e África, na Ásia e na América Latina e a absorverem os choques sobre os mercados laborais”.






Notícias relacionadas



Comentários
Loading...