Bancos privados do Brasil pretendem cortar financiamento a autores de desflorestação
O compromisso ocorreu numa entrevista transmitida ao vivo pelo jornal O Globo na qual os presidentes do Itaú Unibanco, Candido Bracher, do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, e do Santander, Sérgio Rial, falaram sobre a criação de um modelo para rastrear os elos das cadeias produtivas do país, sobretudo no agronegócio.
O objetivo do modelo será cortar o financiamento de empresas ou produtores que promovam ações de desflorestação, incluindo fabricantes e exportadoras de carne bovina, com quem dizem já terem iniciado conversas.
O grupo de gestores também disse que o modelo promoverá uma série de ações para desenvolver produção sustentável na região amazónica.
Questionados sobre a adesão do Governo brasileiro aos planos a favor da proteção da maior floresta tropical do mundo, o presidente do Itaú disse que não se devem “julgar intenções e frases”: “Eu julgo resultados. E os resultados são muito ruins. Então, precisamos ajudar o Governo, o estado, a sociedade a reduzir os índices de desmatamento da Amazónia”.
Para Lazari Junior, do Bradesco, a criação de uma política de preservação da floresta virá de qualquer maneira pois já há uma grande pressão da sociedade civil e das empresas neste sentido.
Já Rial, do Santander, lembrou que o Brasil e outros países do Mercosul (bloco de livre comércio composto também por Argentina, Uruguai e Paraguai) passaram décadas tentando obter um acordo de livre comércio com a Europa que não “irá adiante” se não se começar “a ter melhores resultados em sustentabilidade”.
Em julho passado, Itau, Bradesco e Santander Brasil divulgaram um plano integrado que tem por objetivo de contribuir para a conservação e desenvolvimento sustentável da Amazónia.
Á época, as empresas informam que pretendem implantar medidas a partir de três frentes de atuação identificadas como prioritárias para a região: a conservação ambiental, investimento em infraestruturas sustentáveis e garantia dos direitos básicos da população local.
A desflorestação da Amazónia no Brasil cresceu 34% de agosto de 2019 a julho de 2020 em comparação com o mesmo período anterior, segundo dados compilados anualmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Esta é a leitura mais completa de dados sobre a perda de vegetação da floresta amazónica no país já que considera dados coletados ao longo de 12 meses levando em conta as estações de seca e de chuvas que são fundamentais para entender o bioma (conjunto de ecossistemas).
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).