Bióloga portuguesa na final mundial do prémio Yves Rocher
A bióloga Milene Matos, da Universidade de Aveiro, é uma das quatro finalistas do Prémio Internacional Terre de Femmes, organizado pela Fundação Yves Rocher. A bióloga foi reconhecida pelo seu trabalho de preservação da Biodiversidade na Mata do Buçaco e foi a vencedora portuguesas do prémio Terre de Femmes, atribuído a 3 de Março.
A votação online para o Prémio do Público realiza-se em www.terredefemmes.org/pt e decorre até 20 de Março – o Grande Prémio Internacional da Fundação será entregue numa cerimónia a realizar em Paris a 2 e 3 de Abril.
“É uma enorme honra difícil de explicar”, congratulou-se Milene Matos quando, no início do mês, a Yves Rocher lhe atribuiu o prémio nacional. “A Yves Rocher é uma entidade conceituada, tendo cultivado o respeito pelo ambiente e recursos naturais resistindo ao facilitismo que outro tipo de estratégias lhes poderia proporcionar”, continuou.
Os prémios da Fundação Yves Rocher procuram homenagear o trabalho das mulheres que, por todo o mundo, contribuem para salvaguardar o mundo vegetal e para melhorar o meio ambiente, agindo simultaneamente para o bem-estar da sociedade. Em 13 anos de existência, o Terre de Femmes já homenageou o trabalho de “compromisso pela Terra” de mais de 350 mulheres de todo o mundo.
“Todos os cidadãos deveriam ter o mesmo comprometimento [com o ambiente] ”
“Creio que as mulheres não devem ter um papel diferente do que o de qualquer outro cidadão na salvaguarda do meio ambiente, ou em qualquer outro assunto, só por serem mulheres. Nas questões de ambiente, todos os cidadãos, independentemente das características demográficas deveriam ter o mesmo comprometimento, responsabilidades e deveres”, afirmou Milene Matos ao site da Universidade de Aveiro.
No entanto e “infelizmente”, relata a bióloga, “numa sociedade supostamente tão modernizada e evoluída, continua-se a assistir a um certo descrédito das mulheres em áreas de actuação que tradicionalmente cabiam aos homens, como seja a gestão de ecossistemas e recursos naturais, ou simplesmente, a tomada de decisões”.
Neste contexto, acrescenta, “as mulheres que decidem agir – seja em que área for – têm de desempenhar as tarefas com particular competência, sob o risco da fácil chacota, e têm a responsabilidade acrescida de se tornarem, ainda que involuntariamente, embaixadoras das capacidades das mulheres”. Assim, deseja a investigadora do DBio, “oxalá venha o dia em que já não seja necessário entregar prémios destacando o trabalho das mulheres, pois esta questão de géneros já nem devia ser um assunto corrente”.
Investigadora no Departamento de Biologia (DBio) da UA, Milene Matos tem trabalhado em diversas áreas protegidas portuguesas, com especial incidência na Mata do Buçaco, onde a conservação da biodiversidade local tem sido o principal enfoque do seu trabalho.