Biólogos descobriram solução para salvar as enguias. Mas ainda é muito cara.
Biólogos marinhos japoneses, coreanos e norte-americanos estão a desenvolver um projecto de cultivo de enguias em cativeiro, à semelhança do que já acontece com o salmão, o que aliviará a pressão sobre as populações de enguias selvagens um pouco por todo o mundo e possibilitará a reconstrução dos stocks globais.
Este será o primeiro projecto de acompanhamento de enguias em cativeiro, feito a uma escala industrial, que não precisa de caçar enguias bebé ao seu habitat. A enguia, recorde-se, é um dos peixes mais apreciados e consumidos pela cozinha e gastronomia japonesa.
O decréscimo da população de enguias é uma das crises de conservação menos compreendidas a nível global. As três maiores populações globais de enguias diminuíram em 99% nas últimas três décadas e, se nada for feito, estarão extintas em poucos anos no Médio Oriente, Europa e América do Norte.
O projecto utiliza larvas produzidas em cativeiro – em vez de enguias bebé capturadas no seu habitat – mas tem um obstáculo difícil de contornar: reproduzir a dieta natural das larvas, conhecida pelos cientistas de “show marinho”.
Esta dieta, essencial ao ciclo de crescimento da enguia à medida que evolui de larva para a fase adulta, é uma mistura de detritos marinhos e matéria residual suspensa, algo que se está a mostrar extremamente difícil de replicar a uma escala industrial.
As enguias que estão em cativeiro comercial, hoje, não são mais que bebés enguias apanhadas no seu habitat, o que está a pressionar ainda mais a sobrevivência deste peixe. No Reino Unido, a população de enguias bebé representa hoje 5% do que era nos anos 80.
Segundo o professor Katsumi Tsukamoto, pioneiro na conservação de enguia no Pacífico, custará €1000 (R$2.485) só para produzir uma única semente em cativeiro. O objectivo é baixar este valor para €1 (R$2,4). É indispensável fazê-lo. Caso contrário, em poucos anos, a população de enguias estará dizimada.