Biopirataria: Índios vendem direitos sobre terra na Amazónia a empresa irlandesa
Por cerca de €90 milhões (R$ 220 milhões), os índios da etnia mundurucu, no interior brasileiro, venderam à empresa irlandesa Celestial Green Ventures uma área com 16 vezes o tamanho de São Paulo. Este terreno situa-se em Jacareacanga, em plena floresta amazónica.
O negócio garante à Celestial Green Ventures acesso irrestrito ao território indígena e “benefícios” sobre a sua biodiversidade. A empresa, que se assume como uma companhia de investimentos éticos, é um dos principais players mundiais no mercado de créditos de carbono.
Segundo do contrato, que foi citado por diversos media brasileiros, qualquer intervenção neste território depende do aval prévio da Celestial Green Ventures, empresa que já terá fechado outros 16 projectos no Brasil – mais de 200 mil quilómetros quadrados, ou seja, duas vezes a área de Portugal.
“Os índios assinam contratos muitas vezes sem saber o que estão a assinar. Ficam sem poder cortar uma árvore e acabam por abrir caminho à biopirataria”, disse Márcio Meira, da Funai. “Temos de evitar que oportunidades para avançarmos na valorização da biodiversidade disfarcem acções de biopirataria”, reagiu, por sua vez, a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira.
Veja um vídeo sobre a Celestial Green Ventures.
Ainda de acordo com a imprensa brasileira, o mercado de créditos de carbono tem feito várias incursões às comunidades indígenas da Amazónia, e há vários outros contratos já assinados. Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio) serão já 30 contratos feitos nas mesmas bases. A Amazónia é um negócio? E como podemos combater a biopirataria?