Bolhas de muco: A técnica das equidnas para combater o calor
Com um planeta a aquecer a uma velocidade sem precedentes, os animais têm se arranjar formas de se adaptarem às altas temperaturas para poderem sobreviver em ambientes em profunda mudança.
Um dos animais que desenvolveu técnicas para combater o calor é a equidna, um pequeno mamífero que põe ovos, que se alimenta sobretudo de formigas e que se parece muito com um ouriço-cacheiro por ter o corpo coberto de espinhos, embora possa atingir os 10 quilogramas de peso e quase um metro de comprimento.
Dois investigadores da Curtin University, na Austrália, descobriram uma espécie de equidna, a Tachyglossus aculeatus, geralmente conhecida como equidna-de-focinho-curto ou equidna-de-bico-curto, produz bolhas de muco através das narinas para humedecer o nariz, sendo que a evaporação dessa humidade ajuda a dissipar o calor libertado pelos vasos sanguíneos que o animal tem nessa parte do corpo, e, assim, a reduzir a temperatura corporal.
Christine Cooper, uma das autoras do artigo divulgado na ‘Biology Letters’, explica que a dupla observou “um fascinante número de métodos usados pelas equidnas para gerirem o calor e que permitem ao animal estar ativo” mesmo quando a temperatura é bastante elevada.
Além disso, o estudo da regulação térmica desses animais permitiu perceber que os seus espinhos são bastante eficazes na retenção do calor corporal. Por isso, grande parte das trocas térmicas entre as equidnas e o meio ambiente dá-se através das patas e da zona ventral, que não têm espinhos e estão cobertas por muito poucos pêlos.
Assim, não será de estranhar que uma equidna se encontre a dormir ou a descansar esparramada de barriga para baixo sobre uma superfície mais fria.
“As equidnas não arfam, não suam nem se lambem para perder calor, por isso podem sofrer com o aumento da temperatura”, diz Cooper, acrescentando que compreender como esses animais regulam o seu calor corporal “é importante para prever como podem responder a um clima cada vez mais quente”.
O trabalho não envolveu a captura ou manuseamento de nenhum animal, recorrendo, ao invés, a câmaras de visão térmica para avaliar a temperatura corporal das equidnas no seu meio natural.
“As equidnas têm um conjunto muito mais sofisticado do que se pensava de estratégias de regulação térmica”, escrevem os cientistas, e é por isso que podem permanecer ativas mesmo durante períodos de grande calor, enquanto outros animais se refugiam em lugares mais frescos, como tocas, para escaparem às temperaturas elevadas.