Bolsa Verde do Rio de Janeiro foi inaugurada na segunda-feira. Saiba como funciona.
A Bolsa Verde do Rio de Janeiro (BVRio) inaugurou nesta segunda-feira a sua plataforma electrónica de negociação de activos ambientais, com um produto que vai auxiliar os grandes proprietários rurais a prepararem-se ao novo Código Florestal.
A bolsa, que pretende tornar o Rio de Janeiro num centro de desenvolvimento de novos mecanismos financeiros para o sector ambiental, iniciou a negociação das chamadas Cotas de Reserva Ambiental (CRA), a primeira da nova classe de activos que pretende hospedar.
Aqui, cada CRA representa um hectare de floresta. A lei permite também que os donos de fazendas que desflorestaram mais do que deviam possam compensar o facto comprando essas quotas a outros agricultores que as possuem em excesso.
Pela lei brasileira, os donos de áreas rurais precisam de manter entre 20 a 80% das florestas existentes nas propriedades, dependendo do sítio onde elas se localizam. Na Amazónia, estas percentagens andam entre os 50 e os 80%.
“Acredito que este será um mercado de biliões de reais quando amadurecer. As CRA são uma opção mais barata e mais simples para os produtores rurais cumprirem as suas obrigações ambientais”, explicou Pedro Moura Costa, presidente-executivo da BVRio, durante evento que marcou o início de funcionamento da plataforma de negócios.
Segundo dados da bolsa, das 5,1 milhões de propriedades agrícolas brasileiras, 4 milhões precisam se adequar ao novo código.
Na terça-feira, o Financial Times escreveu um extenso artigo sobre a BVRio e como os proprietários se estão a preparar para a lei. Segundo o jornal, o Brasil tem um deficit de 40 milhões de hectares de reservas legais de florestas.
“Estou comprador”, explicou ao Financial Times Bira, um proprietário de Belém, no Pará, com 1.200 hectares de terreno sem árvores. Bira precisa de ter, pelo menos, 600 hectares de terreno florestal, mas sai-lhe muito mais barato comprar esses hectares a outro agricultor, tendo em conta que custa cerca de R$ 15 mil (€5,5 mil) replantar um hectare de floresta na Amazónia. Isto sem contar com a perda financeira resultante da redução da plantação.