Brasil anuncia acordo com dois navios para acomodar delegações da COP30 na Amazónia

O Brasil confirmou ontem a contratação de dois navios de cruzeiro para acomodar os participantes na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, perante preocupações com a hospedagem na cidade amazónica de Belém.
De acordo com um comunicado emitido pelo Governo brasileiro, a iniciativa assegurará a oferta de aproximadamente 3.900 cabines com capacidade de até 6 mil camas durante a conferência climática do planeta.
As acomodações serão disponibilizadas por etapas pelo Brasil e pela ONU, que mediará a oferta das camas junto dos países-partes da COP30.
Na primeira etapa, a oferta das camas será realizada, através de uma plataforma, aos 98 países em desenvolvimento e países insulares, com diárias de até 220 dólares (189 euros). Na etapa seguinte, os demais países poderão adquirir acomodações por até 600 dólares (515 euros).
“Esses dois grandes navios vêm se somar às diversas soluções de hospedagem voltadas a todos os públicos que virão à COP – como delegações da ONU, observadores, organizações sociais, academia, empresariado”, afirmou o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia, citado no comunicado.
Os cruzeiros selecionados são o MSC Seaview e o Costa Diadema, que transportam turistas pelas costas do Brasil, Uruguai e Argentina.
Os navios permanecerão atracados no Terminal Portuário de Outeiro, na cidade amazónica do Pará, que está em processo de revitalização e será um dos legados da COP30 para o desenvolvimento local e regional.
O Brasil preside este ano à COP30, num momento crucial para garantir medidas concretas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus celsius acima dos níveis pré-industriais, estabelecido no Acordo de Paris em 2015.
O acordo prevê uma série de metas para a redução de emissões de gases com efeito de estufa, cuja implementação tem sofrido atrasos e resistências, ao mesmo tempo que o aquecimento global avança. Em janeiro, o centro europeu Copernicus informou que o ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a ultrapassar a marca de 1,5 graus celsius de aumento na temperatura média da Terra face aos níveis pré-industriais.
A COP30 no Brasil terá de resolver questões relativas ao financiamento aos países em desenvolvimento que ainda estão pendentes e que, segundo especialistas de todo o mundo, se tornarão mais difíceis já que o atual Presidente norte-americano retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris num dos primeiros atos administrativos que assinou depois da posse, como já havia feito em 2017, durante o seu primeiro mandato.