Brasil: barragem de Belo Monte poderá não escoar parte da energia produzida
A barragem de Belo Monte, no estado brasileiro do Pará, em plena Amazónia, poderá ter problemas em escoar parte da energia por si gerada, devido à situação incerta da empresa espanhola Abengoa, uma das responsáveis pelo projecto e que atravessa várias dificuldades financeiras.
Segundo explicaram fontes oficiais do projecto no último domingo, citadas pelo portal brasileiro UOL e por um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Abengoa paralisou, no final do ano passado, as obras de construção das linhas de transmissão de energia rumo à região Nordeste daquele país.
“Considerando as previsões actuais dos agentes, é bastante provável que haja restrições de geração no período de Novembro de 2016 a Julho de 2017″, teria assinalado a Aneel no seu relatório.
Quando as primeiras turbinas entrarem em funcionamento, já que a capacidade de geração ainda será baixa, Belo Monte poderá transmitir a energia directamente ao Sistema Integrado Nacional, através da subestação de Xingu.
No entanto, consoante a capacidade de geração de energia aumentar, serão imprescindíveis as linhas de transmissão pelas quais a Abengoa é responsável.
Norte Energia multada
A 14 de Janeiro, avança ainda o UOL, a justiça brasileira suspendeu a licitação de operação da barragem e multou em €50.000 a empresa Norte Energia, responsável pelo projecto, por não compensar os índios prejudicados pela polémica obra.
Recorde-se que a construção de Belo Monte, erguida no meio da maior floresta tropical do mundo, começou em Março de 2011 em Altamira, apesar da resistência de índios, agricultores, pescadores e ecologistas, que estão preocupados com o impacto do projecto na Amazônia.
A obra, com um custo calculado de cerca de €2,4 mil milhões, exigiu o deslocamento de entre 16 mil e 25 mil pessoas, segundo diversos cálculos, já que sua localização, erguida sobre o rio Xingu, um afluente do Amazonas, inundará 506 quilómetros quadrados de selva.