Brasil deve investir 0,8% do PIB para atingir metas climáticas



O Brasil deve investir 0,8% do seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2030 para atingir as suas metas de combate às mudanças climáticas, aponta um relatório do Banco Mundial divulgado hoje.

A necessidade de investimentos sobe para 1,2% do PIB se considerado o período de 2022 até 2050, segundo o Relatório Brasileiro de Clima e Desenvolvimento.

O relatório considera que o Brasil está numa posição muito boa não apenas para cumprir as suas metas de desenvolvimento sustentável, mas também para se tornar uma potência mundial em energia limpa e salvar a Amazónia.

E tudo isso pode ser feito impulsionando o crescimento económico do país, sustenta.

“No Brasil, um crescimento mais rápido pode ajudar a combater as mudanças climáticas, e isso é algo que não acontece em todos os países”, disse o assessor para as mudanças climáticas do Banco Mundial, Stéphane Hallegatte, durante uma videoconferência, durante a qual apresentou o relatório.

Em relação à Amazónia, o Banco Mundial considera que o Brasil pode cumprir o seu compromisso de acabar com o desflorestamento ilegal em 2028 com investimentos relativamente baixos.

Para tal, o Banco Mundial recomenda ao Brasil combinar uma estratégia de proteção da floresta com a promoção da produtividade da agricultura, principalmente através da recuperação de terras degradadas que hoje são utilizadas para pastagens.

“O Brasil deve apostar na agricultura inteligente, que aposta na sustentabilidade, que usa menos água e fertilizantes, que aumenta a produtividade por hectare”, afirmou o diretor no Brasil do International Finance Corporation (IFC), Carlos Leiria Pinto.

O gigante sul-americano também está em posição privilegiada para a transição para energias limpas, porque a matriz elétrica do país “já é muito verde” graças à hidroelétrica, disse Hallegatte.

O país tem um grande potencial para desenvolver projetos de energia solar e eólica, além do chamado “hidrogénio verde”, portanto, segundo o relatório, pode chegar a zero emissões “sem aumentar os custos”.

O relatório aponta que a transição energética pode significar até uma poupança para o país equivalente a 0,3% do PIB até 2030 e 0,7% até 2050, porque as renováveis são mais baratas que as fontes fósseis.

Da mesma forma, o documento propõe a necessidade de realizar investimentos para tornar o setor da construção mais verde, bem como melhorar a resiliência das comunidades mais vulneráveis.

Hallegatte alertou que, embora a posição do Brasil seja boa, “não há motivos para complacência” e deve aproveitar a janela de oportunidade que possui, para evitar riscos associados à não-descarbonização da economia.

Entre esses riscos está não apenas o perigo para a sobrevivência da floresta amazónica, mas o que pode levar à pobreza extrema entre 800.000 e 3 milhões de brasileiros até 2030.





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