Brasil devolve à natureza araras e tucanos
O Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais devolveu, esta semana, à Natureza 14 araras-canindé (Ara ararauna) e 6 tucanos-toco (Ramphastus toco) na Fazenda Orgânica Vale do Tamanduá, na região de Cachoeirinha, em Aragoiânia (estado de Goiás). A acção teve o apoio do Instituto Vida Livre, organização não governamental de Niterói (Rio de Janeiro), que trabalha em parceria com o Ibama.
Em comunicado, o Ibama anunciou que tratamento e a preparação necessários para soltar estes animais realizaram-se no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Seropédica, no estado do Rio de Janeiro.
Muitas destas aves foram resgatadas das garras de contrabandistas, mas também há macacos, tartarugas, jiboias e até mesmo jacarés a recuperar neste centro do Ibama. O organismo estatal tem, entre outras missões, a de tratar de animais selvagens que foram caçados, feridos, ou domesticados, e colocá-los em condições para que retornem a seu habitat natural.
A venda de animais silvestres é proibida no Brasil, mas muito comum, especialmente no Rio de Janeiro, onde está situada a maior floresta urbana do mundo. As espécies nativas ainda vivem na região e, por vezes, na cidade. Em alguns mercados, é fácil encontrar tucanos, cobras, macacos. O Ibama estima que cerca de 38 milhões de animais são capturados na natureza a cada ano que passa. Desses, quatro milhões são revendidos, um negócio que gera cerca de 2,2 bilhões de euros por ano.
Segundo a veterinária e analista ambiental Taciana Sherlock, da delegação deste Instituto no Rio de Janeiro, as aves precisam reaprender habilidades fundamentais para a sobrevivência antes de regressar à vida livre. “Não é só o vigor físico que os animais perdem no cativeiro. O processo de domesticação resultante da convivência prolongada com humanos compromete a capacidade de buscar alimento no ambiente selvagem e de reagir a situações de risco”, disse Sherlock no comunicado divulgado pelo Ibama.
“Lara, uma das araras devolvida à natureza, havia sido apreendida ainda filhote pela polícia em Nova Iguaçu (RJ), em Novembro de 2016. Ela foi tratada e passou a conviver com adultas para aprender o comportamento natural da espécie. No momento da soltura, foi uma das primeiras a deixar o viveiro e sobrevoar os arredores”, revela o comunicado.
Mas a verdade é que nem todos os animais recebidos nestes centros têm condições de voltar à natureza. Mutilações, idade avançada e alto grau de domesticação são factores que impedem esse regresso. Alguns são entregues a criadores ou usados em pesquisa, educação e treinamento. A escolha do destino mais adequado só acontece após avaliação clínica, física e comportamental.
As araras e tucanos agora tratados no Rio de Janeiro foram transportadas para o Cetas de Goiânia e encaminhadas para soltura em Aragoiânia (GO). A Fazenda Orgânica Vale do Tamanduá é cadastrada no projecto Áreas de Soltura de Animais Silvestres (Asas) do Ibama e foi escolhido por ser um ambiente de ocorrência natural das espécies reabilitadas, refere o Ibama.
Foto: Ibama