Brasil recupera programa de subsídios para famílias manterem a floresta amazónica
O Governo brasileiro anunciou hoje o relançamento de um programa que vai pagar subsídios às famílias pobres da região amazónica em troca de manter a floresta em pé.
A Bolsa Verde, apresentada às vésperas da Cimeira da Amazónia, vai conceder subsídios de 600 reais (cerca de 112 euros) por mês às famílias que vivem em assentamentos rurais na Amazónia e se dedicam à extração de recursos naturais.
O orçamento inicial do programa é de 92 milhões de reais (cerca de 17,2 milhões de euros) e será adicionado a outros subsídios destinados aos pobres, segundo dados do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.
Ao apresentar o programa, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, “quer criar um novo ciclo de prosperidade” na região amazónica.
A ministra também garantiu que medidas como esse programa de subsídios para impedir a derrubada ilegal da floresta representam “uma pequena dose de remédio” de que a Amazónia precisa.
Esse programa de subsídios foi lançado pela primeira vez em 2016 pela ex-presidente Dilma Rousseff, mas foi cancelado dois anos depois pelo seu sucessor, Michel Temer.
A reativação do programa foi anunciada na abertura de reunião do Conselho Brasileiro de Desenvolvimento Económico e Social Sustentável (CDESS), realizado em Belém, no estado amazónico do Pará.
Esta reunião é a primeira dos encontros que antecedem a Cimeira da Amazónia, que acontecerá nas próximas terça e quarta-feira.
O encontro, promovido pelo Governo brasileiro, realiza-se na cidade de Belém, estado do Pará, e tem como objetivo fazer com que os países que fazem parte do bioma consolidem uma posição unificada sobre a preservação da floresta tropical para ser apresentada na próxima cimeira mundial do clima, em novembro.
Além dos oito países que compõem a Amazónia (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), foram convidados a Indonésia, a República Democrática do Congo e a República do Congo, nações que, juntamente com o Brasil, têm as maiores florestas tropicais do mundo, bem como a França, pela Guiana Francesa.
Noruega e Alemanha, que financiam o Fundo da Amazónia, também estão na lista das nações chamadas para participar no evento.
Já terão confirmado presença em Belém os governantes da Bolívia, Luis Arce, da Colômbia, Gustavo Petro, da Guiana, Irfaan Ali, e da Venezuela, Nicolás Maduro.
O Governo brasileiro conta ainda com a chegada da Presidente peruana, Dina Boluarte, cuja viagem depende de autorização do Congresso do seu país.
Os presidentes do Equador, Guillermo Lasso, e do Suriname, Chan Santokhi, não comparecerão no encontro, segundo fontes do Governo brasileiro.
A ausência do primeiro deve-se a “razões políticas internas” e do segundo porque o “Dia da Imigração Javanesa” é comemorado no Suriname nesses dias.
A Cimeira da Amazónia servirá para discutir os problemas enfrentados pelo bioma e procurar soluções conjuntas para travar o crescimento de atividades ilegais na região, como desflorestação, mineração ilegal e tráfico de drogas.