Brasil: um palácio feito de garrafas e tampas de plástico em plena favela



Em Paraisópolis, favela de São Paulo localizada no meio de um dos bairros com o metro quadrado mais caro da cidade, o Morumbi, todos conhecem Antenor Clodoaldo Alves Feitosa. Ele é o arquitecto e “engenheiro” das garrafas de plástico, autor de um palácio que já utilizou 27.209 garrafas e 9573 tampinhas de plástico, e continua em permanente crescimento.

“Só uso garrafas da cor verde porque é minha paixão, eu amo a natureza, não tinha como não construir minha casa sem as garrafas verdes”, explica o “arquitecto” reformado, que chegou a São Paulo há 20 anos para trabalhar na área de construção civil.

“Construía prédios, era minha profissão até ficar doente e reformar-me por causa de um problema cardíaco”, explicou Antenor Feitosa. O construtor começou o seu palácio em 2008. No início, ele utilizava entre 400 a 500 garrafas por semana: “Pagava 0,30 centavos (€0,07) por garrafas, para estimular as pessoas a me venderem”, revela.

Para além das garrafas, ele também faz esculturas com as tampinhas das garrafas. Já fez uma Torre Eiffel, uma moto e uma torre de energia feita de tampinhas.

A ideia de fazer uma casa e esculturas com garrafas de plástico surgiu do nada. “Tive essa ideia na cabeça e procurei logo pô-la em prática, para não a esquecer. Fui fazendo, fazendo, fazendo, e acho que nunca mais vou parar”, diz orgulhoso. A sua obra já faz parte do roteiro cultural do Paraisópolis das Artes e recebe visitantes de todo o mundo.

“Dizem que esta área será removida desde que me mudei para cá, que me vão desapropriar, principalmente agora com essas obras de reurbanização. Às vezes penso em parar de construir… imaginam isso tudo derrubado? Mas ao mesmo tempo, não quero, não consigo parar”, diz encostado ao seu andaime que o leva até o tecto do seu palácio coberto de garrafas. Com 45 degraus numerados que levam até à sua cobertura, este palácio permanentemente incompleto tem uma área de lazer, com direito a um bar com vista para toda Paraisópolis.

Fotos: Patrícia Gomes / Wall Street International

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