Brinquedos de plástico reciclado contaminados com substâncias tóxicas. Portugal apresenta dos piores resultados da UE



A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, participou num estudo feito em 18 países da Europa (dez da União Europeia e oito de fora da UE) para avaliar a presença de substâncias químicas perigosas (retardadores de chama bromados) em brinquedos e acessórios para cabelo e de cozinha.

Dos 430 artigos analisados, 109 (cerca de 25%) continham químicos perigosos, com 98% (107) a conter PBDE (éteres difenílicos polibromados) e 73% (80) a conter HBCD (hexabromociclododecano). Se fosse aplicada a mesma legislação a produtos produzidos a partir de materiais virgens e reciclados, 47% dos 109 artigos analisados em maior detalhe não respeitariam a regulamentação Europeia sobre poluentes orgânicos persistentes.

Entre as concentrações de PBDE medidas, as mais elevadas foram as observadas em brinquedos, seguidas das concentrações registadas em acessórios de cabelo e utensílios de cozinha. Uma guitarra de brincar de Portugal apresentou a concentração mais elevada de PBDE (3318ppm).

Os retardadores de chama bromados, como o OctaBDE e o DecaBDE, são substâncias químicas perigosas que perturbam a função da tiroide e causam problemas neurológicos e défice de atenção em crianças. São habitualmente encontrados em resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, e estão a contaminar produtos de consumo um pouco por toda a Europa através do uso de plásticos reciclados.

O OctaBDE, o DecaBDE e o HBCD estão incluídos na Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), uma convenção que tem como objetivo eliminar ou limitar a produção e utilização de substâncias químicas que estão entre as mais perigosas conhecidas. Apenas a União Europeia e 5 outros países no mundo permitiram o estabelecimento de isenções para materiais reciclados com estas substâncias químicas, que estão entre as 28 mais tóxicas conhecidas.

Segundo a ZERO, é urgente que a União Europeia ponha termo ao duplo padrão de permitir que os plásticos reciclados possam conter concentrações mais elevadas de substâncias tóxicas do que os materiais virgens. Só assim será possível proteger a saúde humana e o ambiente e credibilizar a Economia Circular.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...