Bruxelas “estabelece fundações” para transportes com foco no clima e geopolítica



A comissária europeia dos Transportes, Adina Vălean, defendeu ontem, em Bruxelas, que a Comissão Europeia está a “criar as fundações” para a rede transeuropeia de transportes, sem esquecer as alterações climáticas e geopolíticas.

“Estamos a estabelecer as fundações para a forma como queremos que os transportes sejam nos próximos 10 anos. Queremos criar um espírito europeu à volta das infraestruturas de transportes […]. Isto vai permitir o funcionamento do mercado, assegurar a competitividade e a coesão territorial e, sobretudo, ligar as pessoas”, afirmou Adina Vălean, na cerimónia oficial de abertura dos ‘Connecting Europe Days’.

A legislação sobre a rede transeuropeia de transportes (TEN-T, na sigla em inglês) é um instrumento para o desenvolvimento de infraestruturas de transportes eficientes e multimodais, incluindo ferrovias, transporte marítimo interior, rotas marítimas de curta distância, estradas, autoestradas, portos, aeroportos e outros terminais.

Vălean assegurou que um dos principais objetivos desta legislação é garantir a resiliência deste setor, de modo a adaptar-se, da melhor forma, às alterações climáticas e às mudanças geopolíticas.

“Ninguém pensava que poderíamos ver uma ponte a desaparecer em poucos minutos […]. Também não queremos ver tanto dinheiro desperdiçado devido a um evento climático”, assinalou.

Durante a sua intervenção, que durou cerca de 17 minutos, a comissária aproveitou também para destacar o “apoio solidário” que tem sido dado à Ucrânia, face à guerra com a Rússia, acrescentando que a Comissão Europeia também não esquece a Moldova.

Para Adina Vălean, a política ligada às infraestruturas de transporte tem que perspetivar uma “continuação temporal”, pedindo, nesse sentido, a colaboração de todos os decisores.

“Espero contar com a ajuda de todos. Não podemos, simplesmente, perder este comboio”, vincou, anunciando ainda que esta é a edição dos ‘Connecting Europe Days’ com a maior adesão.

No mesmo evento, o ministro dos Transportes da Bélgica, Georges Gilkinet, assinalou que uma das prioridades da presidência belga do Conselho da União Europeia é garantir consensos sobre a nova legislação em matéria de transportes, para que esta possa ser implementada “o mais rapidamente possível”.

O também vice-primeiro ministro da Bélgica notou que as necessidades de investimento da Europa em infraestruturas de transporte são grandes “e serão ainda maiores amanhã”, lembrando, novamente, as alterações climáticas e as mudanças geopolíticas.

“Acredito que é nosso dever convencer os governos a investir na resiliência e na sustentabilidade das nossas infraestruturas de transportes. Sem esta ambição, não podemos dizer que os ‘Connecting Europe Days’ estão a cumprir o seu propósito”, referiu.

No encerramento da cerimónia, a eurodeputada e ‘chair’ do comité dos Transportes Karima Delli ressalvou que “ainda há muito trabalho a fazer” para que esta legislação tenha sucesso.

Ainda assim, sublinhou que esta é uma “ferramenta poderosa” para aumentar a conectividade, nomeadamente, com países como a Ucrânia e a Moldova.

Os ‘Connecting Europe Days’, que têm lugar na capital da Bélgica até sexta-feira, vão juntar mais de 3.000 participantes dos Estados-membros e de países vizinhos, como Suíça, Noruega, Ucrânia, Geórgia, Turquia e Moldova.

No evento organizado pela Comissão Europeia, em conjunto com a presidência belga do Conselho da União Europeia, são esperados ministros, políticos e representantes de instituições financeiras e da indústria dos transportes.

Em cima da mesa vão estar temas como a criação de uma rede de transportes e mobilidade sustentável, o pacto ecológico da União Europeia e a estratégia de mobilidade.

Ao longo destes quatro dias de debate, os oradores convidados vão ainda falar sobre a Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), os impactos das alterações climáticas nas infraestruturas, a conectividade da rede de transportes com países terceiros e sobre o financiamento dos projetos de infraestruturas de transportes.

*** A Lusa viajou para Bruxelas a convite da Comissão Europeia ***





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