Cabo Verde pede “urgência” na implementação dos fundos climáticos em todos os países
O ministro do Mar de Cabo Verde manifestou ontem a necessidade de colocar os oceanos como “um dos pilares essenciais” no debate sobre as mudanças climáticas e apelou à “urgência” na implementação dos fundos climáticos em todos os países.
“Quero lançar mais uma vez este alarme, quanto ao enorme impacto das alterações climáticas sobre o oceano, sobre a importância de colocarmos os oceanos como um dos pilares essenciais no debate sobre as mudanças climáticas e apelar, obviamente, à urgência da implementação dos fundos climáticos em todos os países”, pediu Abraão Vicente, ao intervir, online, num ‘workshop’ regional sobre a Ferramenta de Avaliação do Desempenho das Pescas (FPAT), que aconteceu presencialmente na Praia.
Para o ministro, Cabo Verde, como um dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS), não pode fazer parte de nenhuma mudança que tenha impacto global, se os países com grandes indústrias transformadoras, nomeadamente do pescado no chamado norte desenvolvido não tomarem as medidas que visam mitigar os impactos das pescas nos territórios internacionais e nos SIDS.
“De nada vale termos bons alunos se o coletivo não se engajar de uma forma absolutamente convicta na monitorização, na capacitação e no envolvimento não só das empresas, mas dos próprios Estados. O impacto das mudanças climáticas sobre os oceanos, hoje é cada vez mais alarmante, tornando quase insustentável a previsão ou imprevisível a previsão do futuro quanto à disponibilidade de espécies”, destacou.
O ministro do Mar afirmou que Cabo Verde quer juntamente com os países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e os da sub-região, apelar ao engajamento de um discurso comum para que nos espaços multilaterais, nomeadamente em setembro, nas Nações Unidas, os chefes de Estados incluam pelo menos uma frase sobre a urgência de preservarem os oceanos.
“Podemos falar dos grandes pilares, da disponibilidade de pescado, da sobrevivência dos corais, da investigação científica, mas cada vez mais é um consenso que temos que falar dos oceanos ou do grande oceano no seu todo, o impacto sobre biodiversidade e sobre a disponibilidade alimentar. Se estamos a falar da segurança alimentar, sem dúvida a segurança alimentar está cada vez mais limitada à sustentabilidade ambiental”, acrescentou.
Por sua vez, a representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em Cabo Verde, Ana Touza, afirmou que a instituição no seu mandato de contribuir para erradicar a fome e a pobreza deve por isso dar uma atenção especial à sustentabilidade dos oceanos e às atividades de pesca para garantir a reposição dos ecossistemas e a continuidade no fornecimento ás populações de produtos de qualidade e de alto valor nutricional.
“O setor das pescas em Cabo Verde como nos restantes países da região representa um vetor importante de desenvolvimento socioeconómico das populações sobretudo as localizadas em zonas costeiras fortemente dependentes do mar. A FAO tem estado sempre ao lado do Governo de Cabo Verde nos seus esforços de desenvolvimento e de fazer uma gestão sustentável das pescas como principal agência técnica das Nações Unidas relacionada com a pesca e a aquacultura”, referiu.
A FPAT é uma plataforma desenvolvida pela FAO, no âmbito da Projeto Iniciativa Pesca Costeira (IPC), em parceria com a universidade de Washington e Blue Matter Science Ltd, com o objetivo de avaliar o desempenho ecológico, económico e social das pescarias.