Cabo Verde precisa “como de pão para a boca” de outras políticas ambientais



O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, alertou hoje que o país necessita “como de pão para a boca” de adotar outras políticas ambientais e de um modelo de crescimento, baseado na economia circular.

“Cabo Verde precisa de, como pão para a boca, dessas políticas [ambientais], Cabo Verde precisa de um outro modelo de crescimento, nós somos um país com seca, já estamos em cinco anos consecutivos em seca severa, com uma dramática escassez de água e precisamos de mudar muita coisa”, afirmou.

José Maria Neves, que falava em Portalegre, à margem do final da quinta edição da Energy & Climate Summit, defendeu ainda que Cabo Verde deve abandonar o uso de energias fósseis e “aproveitar as enormes potencialidades” que tem para oferecer.

“Não podemos continuar com o uso de energias fósseis, nós temos de acelerar e atingir o objetivo de zero energias fósseis em Cabo Verde, utilizar o sol, o vento, o mar, produzir hidrogénio verde e aproveitar as enormes potencialidades que o mar nos oferece”, acrescentou.

O Presidente da República de Cabo Verde exortou ainda à união dos países da Comunidade dos País de Língua Portuguesa (CPLP), todos limitados por mar, pela implementação de uma economia azul, integrada no processo de transição da economia linear para a circular.

“Nos nossos países o modelo de desenvolvimento ainda é absolutamente linear, temos é que poder realizar, rapidamente, as transições que são necessárias, a transição energética e também mudar todo o modelo de crescimento e desenvolvimento da nossa economia”, advogou.

“Precisamos de ter um crescimento que seja inclusivo e ambientalmente sustentável e só com uma economia circular poderemos realizar esse desidrato. Nós temos de poder reciclar, poder reutilizar, temos que utilizar energias limpas e temos que ter uma outra perspetiva em relação aos oceanos, em relação aos mares, a economia azul”, acrescentou.

José Maria Neves reconheceu, no entanto, que “não é fácil” implementar estas medidas, que exigem “uma mudança de 180 graus”.

“Temos de ir muito para além do que é óbvio e, geralmente, as instituições estão voltadas para rotinas, para o que é evidente, para o que é mais simples. Precisamos de fazer roturas e redesenhar novas políticas públicas, isso não é fácil”, disse.

A próxima edição da Energy & Climate Summit, promovida pelo projeto Guardiões, deverá ter lugar em Cabo Verde.

O projeto Guardiões tem como objetivo sensibilizar e informar a sociedade civil sobre a temática das alterações climáticas.

Através da partilha de conhecimento e da dinamização de ações junto da população, o projeto pretende transformar o Alentejo numa região exemplo, não só da descarbonização, mas também de uma transição de sucesso para a economia circular.

O projeto Guardiões resulta de uma parceria entre o Instituto Politécnico de Portalegre, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo e o Fórum da Energia e Clima (FEC), sendo financiado pelo Programa Alentejo 2020.





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