Cabo Verde quer acabar com aterros sanitários com apoio de fundo para o clima



Cabo Verde quer criar centros de tratamento e reutilização do lixo, acabando com aterros sanitários, um projeto que espera obter financiamento do Fundo Verde para o Clima, que pode chegar aos 40 milhões de euros.

“Temos estado com os aterros sanitários, todos nós temos a noção que esta é uma solução a prazo, porque o país não pode continuar a acumular o lixo nas ilhas”, disse à imprensa, na cidade da Praia, o ministro do Turismo cabo-verdiano, Carlos Santos.

O governante, que falava no âmbito do lançamento oficial do projeto “Apoio para o Programa País e Planeamento para Turismo Sustentável em Cabo Verde”, disse que o futuro do turismo no arquipélago passa pela sustentabilidade.

“E estamos agora a querer dar um passo mais ousado, que é de conseguirmos ter centros de valorização do lixo, à semelhança daquilo que são as boas práticas na Europa, e é esse um dos objetivos do fundo e um dos projetos que nós temos para apresentar junto do fundo do clima”, prosseguiu.

O programa, coordenado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e financiado pelo Fundo Verde para o Clima (GCF, na sigla em inglês) em meio milhão de euros, marca o início da concessão de projetos de turismo sustentável.

Com duração de 18 meses, os projetos elaborados vão ser depois submetidos ao mesmo fundo global, para financiamentos maiores, que podem chegar aos 40 milhões de euros, e um deles pretende acabar com o lixo, começando pelas ilhas do Sal e da Boa Vista, as mais turísticas do país.

“É um projeto que pode vir a resolver-nos um problema que é o lixo, que é a deposição do lixo nas ilhas. E isto é um problema que vai continuar a acontecer, porque à medida que vai aumentando o número de turistas, vamos tendo o aumento do lixo em Cabo Verde”, frisou Carlos Santos.

“E se nós queremos transformar o destino turístico cabo-verdiano num destino sustentável, amigo do ambiente, nós temos que pautar por esses objetivos e metas. E por isso é que este fundo é um importante instrumento para nos levar a materializar essas metas”, completou.

Segundo o ministro, este projeto vem juntar-se a vários outros em curso no país, como o de sustentabilidade no turismo, económica social e ambiental, também no Sal e na Boa Vista, com financiamento da cooperação espanhola em um milhão de euros.

O projeto vai culminar na assinatura de um pacto de sustentabilidade, que vai envolver todos os hotéis desses duas ilhas que concentram cerca de 80% do número de turistas que chegam ao arquipélago, para o modelo ser depois replicado às outras ilhas.

O projeto pretende envolver vários intervenientes no processo consultivo, mas também desenvolver uma lista de atividades e prioridades nacionais e o Programa País para o financiamento climático, com as políticas, estratégias e planos nacionais para o clima, turismo sustentável e economia azul.

O número de turistas que procuraram Cabo Verde em 2022 ultrapassou as 700 mil, cerca de 90% do recorde de 819 mil em 2019, revelou no final de janeiro último o ministro Carlos Santos.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do PIB do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.

Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou em junho a previsão de crescimento de 6% para 4%, que, depois voltou a rever, mas em alta, acima de 8% e já em dezembro para 10 a 15%.





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