Caçadores estão a matar crias de rinoceronte para lhes roubar chifres
À medida que a população africana de rinocerontes vai diminuindo devido à caça ilegal, os caçadores furtivos centram agora as suas atenções nas crias de rinoceronte indefesas para lhes roubarem os seus pequenos chifres ainda em desenvolvimento.
No mercado negro – onde são vendidos os chifres como produtos de medicina tradicional – cada quilo pode valer €88.091, montante superior ao dobro do preço da onça de ouro. Perante tal valor atingido pelo chifre de rinoceronte até as crias se tornam lucrativas o suficiente para valerem o esforço da caça, como indica Bryce Clemence, um guarda dos Especialistas de Buscas e Combate à Caça Furtiva, cita o Dodo.
Em 2014, este mesmo guarda testemunhou a devastação deixada pelos caçadores numa reserva de vida selvagem do Zimbabué, quando uma progenitora perdeu duas das suas crias – uma de nove meses e outra de três anos – num ataque dos caçadores. “Os caçadores mataram-lhe a cria e ela fugiu com a outra. Mas os caçadores encontraram-nos e abriram fogo contra ambos e acabaram por matar o pequeno. O seu chifre tinha cerca de 40 gramas, não havia quase nada”, indica o guarda à South African Press Association.
A progenitora acabou por morrer sete meses depois devido a infecções relacionadas com os ferimentos provocados pelas balas, embora tivesse sido tratada.
Actualmente existem apenas 750 rinocerontes negros no Zimbabué – um dos países mais afectados pela caça – e embora a caça tenha diminuído ligeiramente nos últimos anos, os números da espécie estão dramaticamente abaixo dos níveis históricos. Porém, nos outros países africanos a realidade da caça é diferente pois os ataques furtivos continuam a aumentar.
Na África do Sul, país com a maior população de rinocerontes africanos, foram abatidos 1.215 exemplares da espécie em 2014 – um aumento de 21% em relação ao valor histórico registado em 2013.
Foto: SavvyWorldTraveler / Creative Commons