Cães vêem a cores e usam-nas nas suas escolhas
Até há pouco tempo acreditava-se que os cães viam a preto e branco, usando diferentes níveis de brilho para identificar os objectos. Agora, cientistas russos vieram provar não só que os cães vêem uma gama limitada de cores, como usam esse espectro visual para distinguir objectos e os seleccionar.
Uma equipa de investigadores da Academia de Ciências da Rússia testou a visão de oito cães de diferentes tamanhos e raças. A investigação foi feita com base num trabalho do ano passado da Universidade de Washington.
Aí já se havia descoberto que, enquanto os olhos humanos têm três “cones” que detectam as cores e identificam o vermelho, o verde, o azul e o amarelo, os cães têm apenas dois. Isto significa que os cães podiam distinguir o azul e o amarelo, mas não o vermelho e o verde.
Os cientistas russos optaram então por imprimir quatro pedaços de papel com diferentes cores: amarelo escuro, azul-escuro, amarelo claro e azul claro – as cores que os animais vêem. Os papéis foram usados para testar a teoria de que os animais usam os níveis de brilho para distinguir os objectos.
No primeiro teste, os cientistas pegaram no papel amarelo escuro e azul claro, bem como na combinação de azul-escuro e amarelo claro, e colocaram-nos em frente a tijelas de comida dentro de caixas fechadas. A seguir, abriram uma das caixas e puseram o papel amarelo escuro à frente de uma que tinha um pedaço de carne crua.
Cada experiência consistiu em permitir aos cães tentarem abrir uma caixa antes de lhe ser retirada. Três tentativas foi o tempo necessário para que os animais percebessem que papel estava posicionado em frente à caixa com a carne.
A cor ou o brilho?
Quando os cães percebiam que o amarelo escuro era a cor da carne, os investigadores tentavam verificar se os animais escolhiam esse papel devido ao seu brilho ou à sua cor.
Para isso, colocavam o papel azul-escuro à frente de uma caixa e o amarelo claro em frente a outra. Se os cães escolhessem o azul, os cientistas podiam determinar que os animais faziam a sua escolha com base no brilho. Se escolhessem o amarelo, a escolha baseava-se na cor.
Cada cão escolheu o papel amarelo claro mais de 70% das vezes. E seis dos oito animais fizeram a escolha baseada na cor entre 90% a 100% das vezes.
Concluindo, mediante diferentes estímulos visuais, as cores mostraram ser mais informativas do que o brilho. Quando os cães se podiam ter baseado no brilho, não o fizeram. Isto revela que, sob condições de iluminação natural, as cores podem prevalecer nas escolhas dos animais, mesmo para aqueles que possuem apenas dois cones oculares.