Câmara de Condeixa-a-Nova quer compensações pelo abate de sobreiros no concelho



A Câmara de Condeixa-a-Nova afirmou hoje que está a pressionar o Governo para assegurar que as compensações pelo abate de sobreiros para a construção de parques fotovoltaicos acontecem no concelho e não em Marvão, como previsto.

Depois de ter considerado o projeto de construção de três parques fotovoltaicos no concelho uma mais-valia, o presidente do município, Nuno Moita, afirmou hoje que aquela autarquia do distrito de Coimbra foi surpreendida pelo despacho governamental sobre o abate de sobreiros e que “está junto do Governo a pressionar sobre as medidas de compensação sobre essa matéria em concreto”.

Em resposta à agência Lusa, o autarca recordou que o projeto, por ser considerado de interesse nacional pelo Governo, torna a margem de atuação dos municípios “muito limitada”.

“No entanto, e atendendo aos cortes previstos, [a Câmara] está a pressionar para serem estabelecidas compensações para o concelho, em particular para a freguesia de Ega”, onde os parques serão instalados, afirmou Nuno Moita (PS), que cumpre o terceiro e último mandato autárquico.

Num despacho publicado no dia 11 em Diário da República (DR), assinado pela ministra do Ambiente e pelo secretário de Estado das Florestas, o Governo declara de “imprescindível utilidade pública” a construção de três parques solares (Corteses, Quinta do Vale e São Fipo) numa propriedade denominada Quinta do Vale, situada na freguesia de Ega, concelho de Condeixa-a-Nova.

Refere-se ainda que a empresa Anadia Green SA pretende instalar os três parques solares numa área de 12,31 hectares de terreno privado e que solicitou autorização para proceder ao abate de 1.070 sobreiros (970 sobreiros jovens e 100 sobreiros adultos), com a contrapartida de plantar cerca de 7.400 árvores da mesma espécie em Marvão, no distrito de Portalegre.

O presidente da Junta de Freguesia de Ega, Rodolfo Silva (PS), afirmou à agência Lusa que já foi enviado um ofício por esta autarquia ao Governo para revogar o despacho que autoriza o abate dos sobreiros.

“Do ponto de vista moral, não nos parece correto que as compensações, caso o projeto avance, aconteçam a 200 quilómetros daqui”, disse.

Rodolfo Silva afirmou que a junta preferia que não fosse instalado um parque fotovoltaico entre três localidades da freguesia, perdendo-se riqueza paisagística, mas, a avançar, a compensação deveria acontecer em Ega.

“É falta de sensibilidade de quem aprovou isto que aceite que a compensação seja tão longe”, disse, lamentando que se estejam a retirar árvores resilientes de um território “onde há sobretudo uma floresta desordenada e sem grande gestão”.

Questionado pela Lusa sobre o ofício enviado pela junta, Nuno Moita afirmou que a Freguesia de Ega é “um órgão autónomo, que faz o seu papel político e de forma corrente, uma vez que considera que tal investimento é prejudicial para a freguesia”.






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