Câmara de Lisboa requalifica Jardim da Estrela que está em processo de classificação nacional

A Câmara de Lisboa está a requalificar o Jardim da Estrela, que se encontra em processo de classificação de âmbito nacional, com a liderança PSD/CDS-PP a afirmar que o trabalho em curso “tem várias semanas” e “não é reativo”.
“O jardim será em breve classificado como jardim histórico e a partir do qual será depois desenvolvido o plano de salvaguarda específico, tal como na Tapada das Necessidade”, afirmou o vereador da Estrutura Verde, Rui Cordeiro (PSD), referindo-se ao Jardim da Estrela, também designado Jardim Guerra Junqueiro.
O autarca falou sobre o Jardim da Estrela na reunião pública da câmara, na quarta-feira, em resposta à intervenção do vereador do PCP João Ferreira, que acusou a liderança PSD/CDS-PP, que governa Lisboa sem maioria absoluta, de ter “uma gestão um bocadinho errática” quanto à gestão deste espaço verde no centro da cidade.
João Ferreira congratulou-se pela iniciativa do Património Cultural – Instituto Público de abrir um procedimento para classificação do Jardim da Estrela como monumento nacional, referindo que “este jardim é um símbolo maior do movimento de modernização urbana que percorreu Lisboa na segunda metade do século XIX”.
Indicado que a capacidade da câmara na gestão dos espaços verdes se encontra “debilitada”, apesar de continuar a ter técnicos “notáveis”, o vereador do PCP desafiou a liderança PSD/CDS-PP a reconhecer que o processo de classificação do Jardim da Estrela “não acontece propriamente graças à ação da câmara municipal”.
“Até diria que acontece apesar de a câmara municipal não ter vindo ao longo dos últimos anos a dedicar ao Jardim da Estrela a atenção e os recursos que este seguramente justifica”, declarou o comunista, referindo que tem havido uma gestão “um bocadinho errática” do espaço verde, com a câmara a tentar atirar a gestão para cima da Junta de Freguesia da Estrela, mas que depois recuou perante a oposição dos trabalhadores do município.
“Está aqui uma oportunidade para, de uma vez por todas, alocar àquele jardim, futuro monumento nacional, os recursos materiais, orçamentais e humanos que os valores ali reunidos ambientais, paisagísticos, históricos e culturais certamente justificam”, defendeu.
Em resposta, o vereador da Estrutura Verde explicou que, no âmbito da manutenção “normal e recorrente” do Jardim da Estrela, a câmara municipal está a fazer, “há várias semanas”, um conjunto de trabalhos, nomeadamente a requalificação de canteiros danificados por força da utilização indevida por parte de cães, com a sensibilização dos donos dos animais, e a requalificação dos bancos de jardim e das papeleiras.
Quanto aos bancos de jardim, Rui Cordeiro adiantou que estão a ser recuperados com recurso às madeiras das árvores que caíram durante a tempestade Martinho, registada em março.
Os próximos passos na requalificação do Jardim da Estrela passam pela pintura dos gradeamentos e dos portões e pela requalificação dos muretes e do lago, indicou o autarca do PSD, acrescentando que a câmara está a terminar a fase de preparação da proposta para lançar a empreitada do coreto.
“Todo o trabalho que está a ser feito no Jardim da Estrela tem várias semanas, não é reativo. Há um trabalho de manutenção que é feito regularmente e há um trabalho mais incisivo da nossa parte, desde então, para que o mesmo seja recuperado e naturalmente que vá de encontro com aquilo que é um jardim histórico e a seguir o plano de salvaguarda”, referiu o vereador, assegurando que o trabalho está a ser realizado “com o máximo de cuidado”, sensibilizando também as pessoas que usufruem deste espaço verde e garantindo que o mesmo “é usado e apropriado da melhor maneira”.
Em 15 de maio, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) determinou a abertura do procedimento de classificação de âmbito nacional do Jardim da Estrela.
Construído no século XIX, em 1842, por iniciativa do estadista Bernardo da Costa Cabral, Marquês de Tomar, o Jardim da Estrela é um jardim público situado na freguesia lisboeta da Estrela, com 4,6 hectares, tendo uma das suas entradas em frente da Basílica da Estrela.
De acordo com informação disponível no ‘site’ da câmara municipal, trata-se de um jardim naturalista de conceção romântica, inspirado nas linhas do “parque à inglesa” e cercado por um gradeamento, possuindo “vegetação frondosa e com grande interesse, quer pela quantidade, quer pela diversidade”.