Camboja: Floresta Prey Lang ameaçada pela desflorestação ilegal



A Amnistia Internacional alerta hoje, dia em que se assinala um ano da proibição de entrada dos defensores ambientais no santuário de vida selvagem Prey Lang, no Camboja, para as graves ameaças a que este espaço natural está exposto. A extração ilegal de madeira em larga escala e a repressão ao ativismo são as ameaças destacadas pela organização.

Enquanto as autoridades cambojanas impedem a Rede Comunitária de Prey Lang e os defensores ambientais de protegerem o santuário de vida selvagem de Prey Lang, os madeireiros ilegais estão a desflorestar impunemente”, alerta Richard Pearshouse, diretor de Crises e Meio Ambiente da Amnistia Internacional, sublinhando que a mesma “está a desaparecer diante dos nossos olhos”.

 Já foram identificadas recentemente, através de imagens satélite, várias áreas desflorestadas e novas estradas na floresta. Além disso, dados da Universidade de Maryland indicam que Prey Lang perdeu 7511 hectares em 2019, o que equivale a um aumento de 73% em relação ao ano anterior.

Em causa está também o facto do Ministério do Ambiente ter rejeitado repetidamente a celebração da tradicional cerimónia anual de bênção da árvore, a pedido da Rede Comunitária de Prey Lang, constituída por indígenas Kuy. “Esta repressão contínua coloca em causa os esforços para proteger Prey Lang e os direitos dos povos indígenas”, afirmam em comunicado.

A Amnistia Internacional aponta ainda para um novo risco que surge em dezembro de 2020, um acordo para a construção de uma linha de transmissão de energia de 299 quilómetros entre Phnom Penh e a fronteira com o Laos. O projeto, assinado pelo Ministério das Minas e da Energia do Camboja,  pode implicar novas ações de desflorestação dado que vai dividir o santuário em duas partes.

Richard Pearshouse, adverte: “As autoridades devem cancelar este projeto da linha de transmissão porque vai atravessar o coração de Prey Lang e, em vez disso, optar por rotas alternativas que não destruam ainda mais a floresta. Devem existir alternativas viáveis que protejam Prey Lang, bem como os direitos humanos dos povos indígenas e das comunidades locais”.





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