Canadá aprova comercialização de salmão geneticamente modificado
As autoridades canadianas estão na fase final de aprovação da produção de salmão geneticamente modificado, que poderá em breve estar na mesa dos consumidores. O polémico salmão foi modificado para incluir genes de salmão Chinook (Oncorhynchus tshawytscha), o que o leva a crescer duas vezes mais rápido que o salmão normal.
O salmão, já denominado de Frankenfish – uma alusão ao livro Frankenstein, de Mary Shelley – será o primeiro peixe geneticamente modificado a ser aprovado no Canadá (e, provavelmente, Estados Unidos), o que poderá levar à criação de outros dois peixes geneticamente modificados: truta e tilapia.
A notícia está a ser recebida com bastante polémica. Vários especialistas dizem que, se este salmão escapar para a vida selvagem, poderá matar várias outras populações, porque irá consumir toda a comida disponível.
“É chocante ver que a produção comercial de salmão geneticamente modificado possa ser autorizada no futuro, em instalações que não são ambientalmente correctas”, explicou à imprensa britânica Helen Wallace, da GeneWatch Reino Unido. Segundo a responsável, a probabilidade deste salmão chegar ao mercado europeu é reduzida.
As empresas de biotecnologia dizem que o mercado de peixe geneticamente modificado pode valer cerca de €74 mil milhões (R$ 230 mil milhões). Há empresas, como a canadina AquaBounty, que dizem que um salmão pode chegar rapidamente aos 5 quilos de peso – mas com que segurança alimentar?
Na verdade, a introdução de novos genes no salmão comum liberta uma hormona de crescimento que o encoraja a comer durante todo o ano, e não unicamente na Primavera e Verão. Assim, as empresas de aquacultura podem ter mais peixes e aumentar a produção – e os lucros, também. Mas a que preço?
Como funciona?
Segundo a imprensa, a AquaBounty já recebeu a aprovação do Governo canadiano para produzir ovos à escala comercial nas suas instalações de Ilha Prince Eduardo, Canadá.
Numa primeira fase, os ovos serão levados para uma quinta de aquacultura no Panamá, onde permanecem até serem suficientemente grandes para serem comercializados. Os salmões ficam em grandes tanques de metal, sem hipótese de irem para rios ou mar. Depois, o salmão é congelado e levado de volta para os Estados Unidos e resto do mundo.
No futuro, estas quintas de aquacultura serão introduzidas em várias partes do globo, para serem suficientes para a procura. Todos os salmões geneticamente modificados são desenhados para serem fêmeas e estéreis, o que, em teoria, evita que possam reproduzir-se.
Apesar de tudo, várias vozes mantêm-se contra o processo. “Estamos muito tristes e alarmados com o facto de o nosso Governo ter aprovado a produção de ovos de peixe geneticamente modificados. Esta aprovação põe em risco o futuro do salmão do Altântico em todo o mundo”, explicou Lucy Sharratt, porta-voz da Canadian Biotechnology Action Network. “É de loucos que os primeiros ovos geneticamente modificados venham, precisamente, no Canadá”, concluiu.