Carlos III defende uma nova política franco-britânica contra as alterações climáticas



A luta contra as alterações climáticas tornou-se o tema central da visita de Estado do rei Carlos III à França, onde propôs ontem uma política entre os dois países para lutar contra esta ameaça ao planeta.

O monarca britânico fez esta proposta durante um discurso proferido no Senado francês, o primeiro de um monarca britânico perante o legislativo deste país, sendo este o acontecimento central do dia e o único pronunciamento público de Carlos III nesta visita.

Diante dos parlamentares franceses e britânicos, Carlos III utilizou o tratado simbólico assinado em 1904 pelo seu tataravô Eduardo VII e pelo então Presidente francês, Félix Fauré, conhecido como “Entente Cordiale”, que pôs fim a séculos de rivalidade e abriu uma fase de cooperação que se verificou durante as duas guerras mundiais.

“Vamos renová-lo para as gerações futuras, para que se torne uma ‘entente’ para a sustentabilidade, para responder eficazmente à urgência global em relação ao clima e à biodiversidade”, afirmou o monarca, no seu segundo dia de visita à França.

Apoiado na sua reputação ecológica, o rei colocou este objetivo no centro das atenções das relações entre os dois países, embora Paris e Londres não pareçam alinhadas no caminho a seguir para preservar o planeta.

Numa altura em que Londres parece estar cada vez mais próxima da Europa, depois de sofrer as primeiras consequências do ‘Brexit’, Carlos III lembrou os sucessos alcançados quando o Reino Unido e a França caminharam de mãos dadas, defendendo o aprofundamento deste caminho para enfrentar os atuais desafios.

O monarca considerou que a aliança entre os dois países “tem potencial ilimitado”, seja na Ucrânia, diante de “uma nova agressão injustificada” – como ocorreu 80 anos quando os dois países lutaram juntos pela libertação do continente das mãos dos nazis -, seja na luta contra as alterações climáticas.

Muito aplaudido, o monarca continuou a sua visita já acompanhado pela rainha Camilla, que se tinha deslocado com a primeira-dama francesa, Brigitte Macron, à Biblioteca Nacional para entregar um prémio literário franco-britânico.

Entre outros locais, o casal real visitou a basílica de Saint Denis, localizada ao norte de Paris, onde estão os restos mortais da maioria dos reis de França.

Em Paris, foram ao mercado de flores da Île de la Cité, no rio Sena, rebatizado há alguns anos com o nome de Elizabeth II e que Carlos III havia pedido para ver pessoalmente.

Acompanhados pela autarca de Paris, Anne Hidalgo, e pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, o casal real britânico visitou a catedral de Notre-Dame, onde observaram as obras de restauração da igreja, que sofreu um grande incêndio em 2019.

O rei e Macron deslocaram-se mais tarde ao Museu de História Natural, onde encerraram um fórum empresarial franco-britânico para combater as alterações climáticas.

O Presidente francês prestou homenagem ao rei pelo seu já antigo compromisso com o ambiente, que “serviu para aumentar a consciência sobre este problema” e também para “arrecadar fundos” na luta contra as alterações climáticas.

O casal real britânico concluiu o segundo dia de visita no Palácio do Eliseu, onde foram recebidos por Macron e pela primeira-dama para um encontro informal.

Carlos III e Camilla terminarão na sexta-feira a sua visita de Estado em Bordéus, a primeira cidade francesa geminada com uma britânica e que durante a Idade Média fez parte do Ducado da Aquitânia, então vassalo da coroa inglesa.

Lá, onde vivem cerca de 39 mil britânicos, visitará alguns vinhedos e comércios locais, mantendo também o caráter ecológico da viagem.





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