Carros elétricos contribuem para aumento das vendas na europa



Por Teresa Cotrim (jornalista)

A compra de um automóvel não é tarefa fácil. A oferta é imensa e é um custo que tem de ser calculado. É uma decisão que acelera a emoção, mas a razão tem de pôr travão a fundo. No entanto, há um novo pormenor muito importante: a União Europeia avançou com um prazo de validade para os motores de combustão: a proposta visa proibir, a partir de 2035, a venda de carros novos com motor a gasolina ou a gasóleo. “Mesmo com alguma componente de eletrificação, estes veículos têm sentença de morte”, vaticina a DecoProteste, pelo que mais vale optar por um carro que já respeite esta tendência.

O comportamento dos consumidores portugueses já está a mudar, não é por acaso que Portugal é dos países europeus com maior rácio de viaturas elétricas. Uma tendência que se verifica também na aquisição de veículos usados. Segundo a Associação Automóvel de Portugal (ACAP), em maio deste ano foram vendidos 22.672 carros em Portugal, um aumento de 51,2% face ao mesmo mês em 2022. Em termos globais, no que respeita a veículos ligeiros e no acumulado de janeiro a maio, a marca mais vendida em Portugal foi a Peugeot (9807 unidades). No que respeita aos veículos eletrificados (elétricos, híbridos plug-in e híbridos eletrificados), a BMW ganhou a corrida com 992 unidades vendidas. Já no que toca a veículos ligeiros 100% elétricos, foi a Tesla quem subiu ao pódio com 867 veículos matriculados no mesmo mês.

O mesmo estudo revela ainda que, no acumulado dos primeiros cinco meses de 2023, foram colocados em circulação 101.510 novos veículos, representando um aumento homólogo de 40,4%. A ACAP conclui ainda que, de janeiro a maio, 47,1% dos novos veículos ligeiros de passageiros matriculados eram movidos a outras categorias de energia que não gasóleo ou gasolina. “Em particular, verifica-se que 15,6% dos veículos ligeiros de passageiros novos eram elétricos”, contabiliza a ACAP.

Uma tendência que se verifica em toda a Europa. Segundo os dados mais recentes da ACEA, Associação Automóvel dos Fabricantes Europeus, entre janeiro e julho de 2023, os registos de novos carros aumentaram 17,6%, tendo sido vendidos 6,3 milhões de automóveis. A quota de mercado dos automóveis elétricos a bateria aumentou para 13,6% (contra 9,8% no mesmo mês – neste caso julho, do ano passado). Já os híbridos elétricos mantiveram a sua posição como segunda escolha entre os compradores de automóveis novos, conquistando mais um quarto do mercado. A má notícia é que, segundo a ACEA, os automóveis com motor a combustão interna (ICE), incluindo os modelos a gasolina e a gasóleo, mantiveram uma quota de mercado combinada de metade das vendas de automóveis novos.

ALGUNS TEMAS A MELHORAR

A autonomia da bateria, os custos por km e o impacto ambiental são apontados como as principais vantagens de adquirir um veículo elétrico ou híbrido plug-in pelos condutores. A possibilidade de alugar baterias e a oferta de um carregador doméstico são destacadas ainda como uma mais-valia para os consumidores que optam por comprar esta categoria de veículos, mas também há senãos. O preço é um deles. A questão da bateria é outro. A autonomia, que para os condutores deve estar idealmente entre os 500 km e os 700 km, e o tempo de vida da bateria estão no topo das dúvidas dos potenciais compradores. No entanto, os fabricantes estão a trabalhar ativamente nessa matéria. A eventual falta de infraestruturas de carregamento é também indicada como uma das principais desvantagens na compra de carros elétricos, de acordo com alguns estudos.

Portugal, com mais de 2500 postos de carregamento público, é o quarto país europeu com mais postos de carregamento por 100 km de estrada.

A cereja no topo do bolo será garantir que a produção de energia (que alimentará as viaturas) seja efetivamente verde.

Os híbridos plug-in, desde que utilizados de forma otimizada — isto é, carregando a bateria e privilegiando o uso elétrico, ficando o motor a combustão para quando há uma necessidade de percorrer maiores distâncias — podem ser uma hipótese. Tendo em conta que a maioria dos utilizadores não percorre mais do que 40 km no seu dia a dia, os híbridos plug-in são uma solução para muitos utilizadores e uma ‘ponte’ para a eletrificação. Agora, cabe-lhe a si estudar bem as opções e comprar o melhor possível.

COMO ESCOLHER O CARRO

VEJA QUANTO DINHEIRO PODE GASTAR.

Ter um orçamento é fundamental. Veja qual o impacte financeiro nas suas poupanças. Só depois disso, e sem perder o controlo, é que deve começar a procurar o modelo e os extras.

MANUTENÇÃO

Os carros elétricos precisam menos de ir ao mecânico. Faça contas a longo prazo, sabendo que pode haver sempre imprevistos. Pense em oito anos. De quanto dinheiro precisará para que o seu carro esteja sempre de boa saúde?

FINANCIAMENTO OU PRONTO PAGAMENTO?

Há várias opções de compra. Pode ser Leasing, Renting, Pronto Pagamento, Crédito Automóvel. São todas diferentes. Informe-se e veja qual a que lhe sairá mais barata.

CUSTOS ASSOCIADOS

Assim que compra um carro, além do preço de compra, ainda tem o registo, o seguro, o combustível ou a energia elétrica. Por isto, antes de se decidir, veja a quilometragem média e faça bem as contas. Pense também qual será a sua rotina de viagens — ir para o trabalho, ginásio, escola dos filhos ou apenas para o fim de semana?

TESTE ANTES DE COMPRAR

Nada como o conduzir antes de dizer sim. Avalie tudo. Desde o comportamento do motor, ao conforto, à segurança, multimédia, enfim… Se vai fazer parte da sua vida, então tem de sentir-se maravilhosamente ao volante.

RETOMA DO VEÍCULO

Ao fim de quatro anos, muitos condutores pensam em trocar de carro. Embora Portugal não esteja ainda neste ritmo, se pretender revender o carro, tem de contar com a desvalorização. A maior fatia é logo comida no primeiro ano, podendo atingir dois terços ao fim de três anos, dependendo do estado do veículo.

NOVOS E USADOS

Pode ter a sorte de encontrar um carro usado com poucos quilómetros e em excelente estado. Por isso, antes de avançar para a compra de um automóvel novo, faça uma ronda pelos usados, mas já sabe, verifique sempre a documentação e os registos de manutenção. Se, por acaso, comprar a um particular, peça-lhe para levarem o carro a fazer um teste na oficina da marca. Não seja enganado.

APRENDA A DISTINGUIR!

VEÍCULO DE COMBUSTÃO INTERNA

Veículo com motor interno de combustão, movido a combustíveis fósseis: gasolina, gasóleo, GPL ou GNV.

AUTONOMIA 600 a 800 quilómetros.

MANUTENÇÃO REGULAR Custos elevados.

EFICIÊNCIA DO MOTOR 13%.

FISCALIDADE Paga ISV e IUC por inteiro. Veículos a gasóleo sujeitos a uma sobretaxa.

DESEMPENHO AMBIENTAL Emite gases com efeito de estufa e outros gases e partículas nocivos para o ambiente.

PRÓS Preço mais acessível. Maior oferta. Sem problemas de autonomia.

CONTRAS Tecnologia com um futuro curto. Elevado nível de emissões diretas. Custo total de posse e utilização elevado.

ELÉTRICO A BATERIAS

Veículo com a tecnologia elétrica e baterias. Grande unidade de baterias com sistema de carregamento.

Modo de condução puramente elétrico. Com uma condução cuidada, aumenta a autonomia.

AUTONOMIA 150 a 500 quilómetros.

MANUTENÇÃO REGULAR Custos reduzidos.

EFICIÊNCIA DO MOTOR 73%.

FISCALIDADE Por enquanto, isento de ISV e IUC. Desempenho ambiental Usa eletricidade. Não produz nenhum tipo de emissão direta para o ambiente. Mas, na sua produção, esta eletricidade tem emissões. Podem ser reduzidas com o aumento do recurso a produções renováveis.

PRÓS Custo total de posse e utilização mais reduzido. Sem emissões diretas.

CONTRAS Tecnologia em desenvolvimento. Oferta limitada. Preço ainda elevado. Com menor autonomia, depende da rede de carregadores. Carregamento longo.

VEÍCULO HÍBRIDO

Veículo com motor a combustão e motor elétrico. O motor a combustão é a força principal de locomoção. Inclui um pequeno conjunto de baterias, carregadas apenas pela regeneração. O modo de condução puramente elétrico só é possível a velocidade muito reduzida. O motor elétrico serve para apoiar o motor a combustão e poupar combustível.

AUTONOMIA 600 a 800 quilómetros.

MANUTENÇÃO REGULAR Custos elevados.

EFICIÊNCIA DO MOTOR 15%.

FISCALIDADE Paga ISV e IUC por inteiro. Veículos a gasóleo sujeitos a uma sobretaxa.

Desempenho ambiental Gases com efeito de estufa e outros gases e partículas nocivos para o ambiente.

PRÓS Preço mais acessível. Maior oferta. Sem problemas de autonomia.

CONTRAS Tecnologia com um futuro curto. Elevado nível de emissões diretas. Custo total de posse e utilização elevado.

HÍBRIDO PLUG-IN

Combinam motor de combustão com motor elétrico. Carregamento da bateria por cabo. Modo de condução puramente elétrico disponível apenas para percursos até 50 quilómetros.

AUTONOMIA 600 a 800 quilómetros com motor a combustão e 40 a 50 quilómetros só com motor elétrico.

MANUTENÇÃO REGULAR Custos elevados.

EFICIÊNCIA DO MOTOR 17%.

FISCALIDADE Desconto no ISV, se a autonomia for superior a 40 quilómetros. De contrário, os impostossão pagos por inteiro.

DESEMPENHO AMBIENTAL Gases com efeito de estufa, outros gases e partículas nocivos para o

ambiente.

PRÓS Maior oferta e sem problemas de autonomia.

CONTRAS Além do custo de manutenção, o preço aproxima-se do preço do elétrico.

ELÉTRICO A HIDROGÉNIO

Neste veículo elétrico, a bateria é substituída por hidrogénio, que é convertido em eletricidade através da pilha de combustível. Trata-se de um dispositivo eletroquímico, onde reagem dois elementos químicos para produzir eletricidade: o hidrogénio e o oxigénio.

AUTONOMIA 500 a 700 quilómetros.

MANUTENÇÃO REGULAR Ainda não se sabe como se comporta neste ponto.

EFICIÊNCIA DO MOTOR 22%.

FISCALIDADE Por enquanto, isento de ISV e IUC.

Condução Binário máximo sempre disponível, dando a sensação de veículo

Desempenho ambiental Usam eletricidade. Não produzem nenhum tipo de emissão direta para o ambiente. A produção do hidrogénio pode ser ecológica, se recorrer a fontes de energia renováveis.

PRÓS Melhor autonomia do que o elétrico puro. Sem emissões diretas.

CONTRAS Custo total de posse e utilização. Não existem postos de carregamento. Preço do hidrogénio é elevado.

*Artigo publicado originalmente em setembro de 2023, na revista física da Green Savers

 





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