Casais de grous indianos recorrem por vezes a um “Au Pair”
O grou indiano (Antigone antigone) é conhecido pela sua monogamia e devoção tão forte ao parceiro, que inclusive a mitologia diz que um morre de tristeza após a morte do outro. Um estudo vem agora confirmar que, em alguns casos, a partilha do ninho deixa de ser apenas a dois – e passa a ser a três.
K.S. Gopi Sundar, cientista da Nature Conservation Foundation na Índia, reparou pela primeira vez neste comportamento em 1999, mas na época os especialistas não o reconheceram como uma possibilidade. Ainda assim, o especialista decidiu investigar o trio durante 16 anos, e em 2011, treinou alguns assistentes para monitorizar outros casais da espécie. O grupo conseguiu observar 193 trios em mais de 11 mil avistamentos de grous indianos – o que confirma a raridade, mas também a existência, deste comportamento.
O terceiro grou tanto podia ser fêmea como macho. A cada ano, um dos adultos desaparecia enquanto o casal punha os ovos e preparava o ninho. Quando as crias tinham perto de um mês de idade, a fêmea aparecia para ajudar a alimentá-los. Durante esse período, mesmo a canção que o casal usa para defender o seu território, passou para uma música sincronizada a três.
Esta abertura a um terceiro elemento surge muito raramente, mas justifica-se pelo facto dos casais viverem em habitats de fraca qualidade, precisando por isso de ajuda para cuidar das crias. Como dizem os especialistas, não é propriamente uma relação a três, mas sim uma espécie de “Au Pair“.
“Encontrar um comportamento novo como este num sistema em que todos pensámos durante muito tempo que eles eram, monogâmicos é super interessante”, afirma Sahas Barve, ecologista do Museu Nacional de História Natural da Instituição Smithsonian, ao New York Times.