Casal alemão quer comprar rede eléctrica de Berlim



“Se vamos fazer a diferença, então a nossa única opção é comprar a totalidade da rede eléctrica de Berlim”. Foi a esta conclusão que chegou um jovem casal de alemães – Arwen Colell e Luise Neumann-Cosel – com uma paixão pela adopção de fontes energéticas sustentáveis.

Tudo o que este casal necessita são €400 milhões – correspondente a 40% da exigência de capital do valor estimado da rede, cerca de €1000 milhões. Para tal, o casal criou uma cooperativa – Bürger Energie Berlin -, aberta a todos os que queiram participar no projecto. Cada investidor tem direito a um voto, independentemente do valor que invista. Os lucros serão depois distribuídos consoante o montante investido no projecto. “O objectivo é atrair o maior número de pessoas possível que queiram ter uma palavra a dizer na maneira como o fornecimento de energia é gerido”, conta Colell ao Guardian.

A rede energética de Berlim é vendida através de concurso a cada 15, 20 anos e qualquer um pode comprar a rede e geri-la. O Governo de Angela Merkel já gastou milhões na “Energiewende” (transição energética) e o programa está a ser implementado muito lentamente. Muitos argumentam que o programa tem sido um desastre: os preços da energia aumentaram drasticamente, a pobreza energética aumentou e os subsídios resultaram numa das maiores transferências de riqueza dos pobres para os ricos – os contribuintes com menos recursos financiaram os subsídios para o programa que depois transitam para os accionistas das companhias eléctricas e para os proprietários dos terrenos onde são instalados os painéis solares e eólicos. Face a estes problemas de gestão, este casal quer melhorar a eficiência da rede eléctrica da capital germânica e implementar formas alternativas de energia.

O primeiro desafio da cooperativa foi ser levada a sério. O primeiro ano do projecto foi passado a gerir políticas locais e a estabelecer parcerias. “Trata-se de juntar o saber e o poder financeiro de muitos. Precisamos de parcerias com empresas de gestão energética, uma forte rede de parceiros financeiros e o envolvimento da comunidade”, explica Colell.

Este primeiro obstáculo foi transposto com sucesso. As campanhas de comunicação eficientes e simples e a presença estabelecida no debate da gestão energética torna difícil aos políticos e operadores do sector ignorá-los.  Actualmente, é possível ver, através do seu site, a quantidade de parcerias estabelecidas pela cooperativa. O próximo passo é apresentar os detalhes técnicos e financeiros para a gestão da rede e conseguir encontrar entidades que financiem o projecto.

Foto:  tsaarni / Creative Commons





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