Cascais prevê ultrapassar as quatro mil toneladas de biorresíduos recolhidos em 2024
O município de Cascais recolheu 1.155 toneladas de biorresíduos no primeiro trimestre e espera recolher durante o ano mais de 4.500 toneladas que são utilizadas para produzir fertilizantes e energia elétrica, revelou a Cascais Ambiente.
Segundo Luís Almeida Capão, presidente da Cascais Ambiente, em 2023, o primeiro ano em que o sistema foi alargado a todo o concelho, foram recolhidas duas mil toneladas destes detritos, num sistema que abrange praticamente 90% dos lares.
“Ou seja, passamos do nada para duas mil toneladas e em 2024 queremos, entre grandes produtores e as famílias, chegar às 4.500 toneladas, o que para nós é bastante significativo no primeiro ano em que teremos uma cobertura praticamente de 100% de todo o concelho”, afirmou o responsável.
O município copiou o modelo de países nórdicos, nomeadamente da Suécia, onde o lixo é separado pelos cidadãos em casa para um saco com uma cor própria – no caso dos biorresíduos de Cascais os sacos são verdes – e é colocado pelas famílias no contentor de indiferenciados.
Isto permite à autarquia continuar a fazer a recolha como sempre fez, sem novos contentores com restos de comida nas ruas, e com vantagens para a higiene pública e saúde urbana.
A separação dá-se na Tratolixo, empresa intermunicipal de Cascais, Oeiras e Mafra, que investiu num braço de leitura ótica que separa os sacos verdes dos restantes, para que o conteúdo seja depois transformado em energia ou em composto.
Luís Capão destacou que estes detritos, que incluem restos de comida ou restos de cortes de jardins, por exemplo, deixaram de ser vistos como “resíduos” para passarem a ser tratados como “recursos”, já que não são colocados em aterro e passam a representar “uma fonte de receita adicional”.
“Uma tonelada de restos de comida ou de restos de cortes de jardins pode produzir 332 kWh de energia elétrica, ou seja, energia produzida que equivale ao consumo de mais de mil casas portuguesas durante um ano. E podem produzir também 148 quilogramas de composto orgânico de qualidade””, explicou.
Segundo o responsável, atualmente o sistema já permite cobrir cerca de 30% dos custos que a autarquia está a ter e quanto mais as famílias “ganhem esse hábito e sintam que este sistema é confortável e vantajoso”, mais o município conseguirá “ir amortizando os custos com o sistema”, que foram sobretudo investimento em baldes castanhos e nos sacos que distribui pelos cidadãos, para que possam depositar os resíduos.
Em vez de fazer a recolha porta-a-porta, Cascais faz uma “sensibilização porta-a-porta”, aproveitando a entrega mensal de sacos para reforçar a sensibilização das famílias para a importância do sistema.
Cascais espera em breve expandir o sistema à recolha de têxteis, como tecidos danificados e roupas para doação, e de têxteis sanitários, nomeadamente fraldas, para o que serão utilizados sacos de outras cores.
Tal como com os biorresíduos, os sacos serão depositados no contentor normal e serão separadores óticos a fazer o encaminhamento para caixas diferenciadas na Tratolixo.
“Só estes dois fluxos já permitiriam tirar os contentores de têxteis da rua, que têm uma componente visual bastante negativa, e que têm uma oportunidade muito grande de reaproveitamento, e também dos têxteis sanitários que estão a ir para aterro e que podem ser reaproveitados”, sublinhou.
A autarquia admite ainda criar um sistema para “premiar as pessoas que tenham bons comportamentos cívicos”, caso considere que este é um caminho para aumentar a percentagem de recolha de biorresíduos.
A Tratolixo anunciou que recebeu 61 mil toneladas de biorresíduos em 2023, quase mais 10% do que no ano anterior.